Para ‘seguir linha’ de Alvim, presidente da Fundação Palmares demite funcionários negros

Com informações do BN

Com a nomeação retomada após suspensão da Justiça, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, demitiu funcionários “negros com reconhecida trajetória em políticas públicas em prol da cultura afro-brasileira”. A informação foi levantada por fontes do jornal Estado de Minas. De acordo com a publicação, Camargo dispensou os servidores por telefone, sob a justificativa de que pretende “montar uma nova equipe de extrema direita”. Ainda segundo as fontes, ele disse aos diretores ainda que vai “seguir a linha do secretário Alvim”, em referência ao ex-secretário especial da Cultura, exonerado após fazer um pronunciamento com discurso e estética nazista.

“Ele corre para fazer tudo que pode contra negros antes de ela entrar”, disse um funcionário, referindo-se à atriz Regina Duarte, que aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro para assumir a Cultura, pasta à qual a fundação está subordinada.

Os servidores destacam ainda que os servidores dispensados foram contratados na atual gestão, por indicação de políticos ligados a Bolsonaro. Segundo a fonte do jornal, a maioria “necessariamente de esquerda ou de direita, são técnicos, apenas”.

Dentre os demitidos estão Sionei Leão, da Diretoria de proteção Afro-brasileira (DPA); Clóvis André da Silva, da Diretoria de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira (DEP) e Kátia Martins, Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (Cenirp).

Clóvis Silva revelou que o telefonema de Sérgio Camargo aconteceu por volta das 10h, na quarta-feira (26). “Fomos pegos de surpresa. Ninguém esperava. O presidente já estava a autorizado a retornar. Mas somente chegou na quinta (19) e estava tudo calmo”, contou. “Sou um técnico. Direito social é progressista. Não sei onde ele incluiu extrema direita no debate”, questionou o servidor, que entrou na fundação em setembro de 2019 e já foi secretário da Igualdade Racial em Porto Alegre.