Feminicídios crescem durante a pandemia; casos de violência doméstica caem

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Durante a pandemia do novo coronavírus, houve um aumento de feminicídios no Brasil, chegando a 648 casos no primeiro semestre deste ano, 1,9% a mais que 2019. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Além disso, houve um aumento de 3,8% dos acionamentos feitos às polícias militares em casos de violência doméstica, tendo sido registrado no primeiro semestre 147,4 mil chamados. No entanto, apesar disso, houve uma redução de 9,9% dos registros feitos em delegacias. O anuário aponta que houve um aumento de subnotificação dos casos, “tendo em vista a maior dificuldade de registros por parte das mulheres em situação de violência doméstica durante a vigência das medidas de distanciamento social”.

Diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que produz o relatório, Samira Bueno explica que a pandemia acentuou a violência doméstica na medida que expôs as mulheres que viviam em fragilidade passaram a ficar mais tempo com seus agressores, seja por passarem a trabalhar remotamente ou por terem perdido seus trabalhos.
Sobre a redução dos registros de violência doméstica, a pesquisadora aponta uma possível dificuldade no deslocamento durante a pandemia, por exemplo.

2019
Observando os números de 2019, houve um aumento de 7,1% dos casos de feminicídio, chegando a 1.326 mulheres mortas. Destas, 66,6% eram negras e 89,9% foram mortas pelo companheiro ou ex-companheiro.
O anuário observou que a cada 2 minutos, uma mulher é agredida fisicamente, com 266,3 mil casos registrados de lesão corporal dolosa em decorrência de violência doméstica, um aumento de 5,2% em relação a 2018.

No caso de violência sexual, no Brasil uma pessoa é estuprada a cada oito minutos, tendo chegado ao total de 66,1 mil vítimas no ano passado. A maior parte, 85,7%, era do sexo feminino, e 57,9% das vítimas tinham até 13 anos (o que configura estupro de vulnerável).

No total dos casos de estupro, 70,5% foram estupros de vulnerável (de meninas e menos abaixo de 14 anos, pessoas deficientes ou em situação de vulnerabilidade, como alcoolizadas ou drogadas).

Fonte: Correio Braziliense