Censo 2021: inscrições para vagas de agentes censitários abrem nesta sexta (19)

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    O motorista por aplicativo Leonardo Britto, de 25 anos, pensa há algum tempo em ter mais estabilidade financeira. Desde 2018, ele trabalha na Uber e já tentou duas vezes passar no concurso da Polícia Militar, sem sucesso. “Bateu na trave, todos os dois”, lamenta Britto. Dessa vez, ele pensa em fazer o concurso para o Censo 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    São mais de 200 mil vagas ofertadas no Brasil, sendo mais de 14 mil em todas as cidades da Bahia, abertas para inscrição a partir das 10h dessa sexta-feira (19) somente para os cargos de Agente Censitário Municipal (ACM) e Agente Censitário Superior (ACS), no site da Cebraspe. No dia 23, serão abertas as inscrições para vagas de recenseador.  As vagas foram divulgadas, na quinta-feira (18), no Diário Oficial da União e têm salários que variam de R$ 1.700 a R$ 2.100. O censo, que aconteceria em 2020, foi adiado para 2021 em função da pandemia da covid-19.

    “É a primeira vez que vou fazer, já tinha pensado antes, mas não tive êxito porque tive uns problemas e acabei perdendo o prazo. Mas vou me inscrever dessa vez e tentar ser efetivado”, conta Leonardo. Ele mira no cargo de Agente Censitário Municipal (ACM), que tem a remuneração mais alta. “Tô de olho nessa vaga. A gente visa concurso pela estabilidade financeira e vou tentar imprimir a apostila, já dei uma olhada nela, mas não li toda. Vou tentar organizar um plano de estudo para poder fazer uma boa prova”, espera o autônomo.

    O Agente Censitário Municipal é o responsável por gerenciar o posto de coleta e está à frente das ações administrativas, como a gestão dos recursos humanos e materiais do posto, e técnico-operacionais, em que coordena uma equipe de ACSs e recenseadores, acompanhando a coleta dos dados. Ou seja, ele é o gerente do posto de coleta. A carga horária de trabalho é de 40 horas semanais, 8 horas por dia, com salário de R$ 2.100.

    Já o Agente Censitário Superior (ACS) supervisiona a operação do censo, com foco nas questões técnicas e de informática e administrativas e está diretamente subordinado ao ACM. A jornada de trabalho também é de 40 horas por semana, mas o salário é de R$ 1.700. Para ambas as funções, é preciso ter ensino médio completo.

    As vagas são para trabalho temporário de 5 meses, que podem ser aumentados. Além do salário, ACM e ACS terão direito a auxílio-alimentação, auxílio-transporte, auxílio pré-escola, férias e 13º salário proporcionais, de acordo com a legislação em vigor e conforme o estabelecido no edital.

    No caso do recenseador, é necessário apenas ter ensino fundamental completo. Ele é quem faz o trabalho da coleta de dados, através de entrevistas com os moradores, indo de casa em casa. Isto é, ele está em contato direto com o público e representando o IBGE para a sociedade. O contrato é de 3 meses (podendo ser renovado), a carga horária recomendada é de 25 horas por semana e a remuneração é feita por produção, calculado por setor censitário, a partir de uma taxa fixada pelo Instituto que será informada previamente para o candidato. Quem quiser pode simular valores de remuneração neste link.

    Como são as provas 
    Os candidatos para os cargos de agentes censitários – tanto o municipal quanto o superior – farão uma única prova objetiva, no dia 18 de abril. São 10 questões de Língua Portuguesa, 10 de Raciocínio Lógico Quantitativo, 5 de Ética no Serviço Público, 15 de Noções Administrativas e Situações Gerenciais e 20 de Conhecimento Técnicos. Os candidatos terão 4 horas para responder às 60 questões. Os que tirarem as maiores notas, são chamados para as vagas de ACM, em seguida, por ordem classificatória, preenchem-se as vagas de ACS.

    Para a vaga de recenseador, com prova em 25 de abril, os postulantes também fazem uma prova objetiva. A estrutura é a de 10 perguntas de Língua Portuguesa, 10 de Matemática, 5 de Ética no Serviço Público e 25 de Conhecimentos Técnicos.

    Além da prova, os recenseadores têm de fazer um treinamento, que é a segunda fase da seleção e tem caráter eliminatório, ou seja, é obrigatório. Ele dura 5 dias, 8h por dia. Para ser contratado, o candidato deve ter frequentado no mínimo 80% desta carga horária. Após o curso, um outro teste será aplicado, em que o postulante tem que acertar 50% da prova. Serão convocados para essa segunda fase os candidatos aprovados dentro do número de vagas. Os demais serão mantidos em lista de espera. Quem quiser, pode se candidatar para os dois editais, mas, se passar nos dois, deve escolher qual cargo irá assumir.

    O técnico de administração Matheus Lau, 25 anos, também é dos que farão a prova este ano. Mas, ao contrário de Leonardo, ele não vai assumir o cargo se passar na prova. “Pretendo fazer com a intenção de treinar e colocar em prática os estudos, entender a estrutura da prova e conhecer a banca. Não vou assumir porque é uma vaga temporária, de 5 meses, então não me interessa, porque estou trabalhando numa empresa privada e tenho mais estabilidade onde estou”, explica.

    Matheus é o famoso “concurseiro”. Desde 2017, quando começou a cursos preparatórios, tenta passar em algum deles. Já tentou o da PM, o de fuzileiros navais, aprendiz de marinheiros e muitos outros. Mas o que quer mesmo é trabalhar ou na Caixa, ou Banco do Brasil ou Banco Central. Há um ano e meio, ele se reúne três vezes por semana, por duas horas, com seis amigos para estudar.

    “Eu e alguns colegas a gente se reúne para estudar determinados concursos em casa. Na pandemia, a gente faz também por videochamada, mas sempre com esse comprometimento de se reunir toda semana, destrinchando questões. Nosso diferencial, que tem feito melhorar o desempenho, é que a gente vai criando questões, quando temos domínio sobre determinado assunto”, relata o técnico. Ele se inscreverá para a prova de Agente Censitário Municipal, por conta de o nível da prova ser mais rigoroso.

    Como se preparar 
    Como o peso maior nas duas provas é dos conhecimentos técnicos, o coordenador de treinamento do Censo na Bahia, Rony Freitas, aconselha que os candidatos se preparem melhor para essas questões. Os interessados devem estudar por um material disponibilizado pelo Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Evento Cebraspe, organização que elabora a prova. O conteúdo está disponível numa apostila, de 72 páginas, e no formato EAD, pelo IBGE (disponível aqui e aqui).

    “As questões que caem na prova objetiva já são de conhecimento do pessoal que faz concurso básico, como português, ética, raciocínio logico, matemática, e existe a parte de conhecimento técnico do IBGE. Apesar de ter o mesmo peso das outras questões, ela é responsável por uma boa parte da prova. No caso dos recenseadores, 50% das questões são relacionadas a esses conhecimentos técnicos. No caso dos agentes censitários, são 20 questões, que corresponde a um terço da prova. Por ser um assunto novo, que não cai em outros concursos, é ideal que os candidatos deem uma maior priorizada nesses assuntos, porque é justamente o conhecimento básico que os contratados trabalharão no dia a dia”, orienta Freitas.

    A professora de português e redação Lucineide dos Santos, 33 anos, proprietária da Dels Cursos, que prepara pessoas para provas de concursos e fica em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS), conta que existem questões que sempre caem no exame, mas que terão algumas mudanças este ano, pela mudança no aplicador da prova. “Existem assuntos que são “cartas marcadas em concursos”, por exemplo, em Português, a tendência é que tenhamos questões de compreensão e interpretação de texto, sintaxe, ortografia, acentuação e verbo. Porém, este ano, temos o Cebarspe como aplicador e isto muda muito a dinâmica da prova. A banca é mais articulada, tende a apresentar questões mais complexas. Com certeza, a maioria das questões de Português será de compreensão e interpretação de texto, associadas à parte gramatical”, aconselha.

    A professora também adverte que os candidatos estejam atentos a questões de reescrita, onde é fundamental conhecer semântica e sintaxe. As questões que são mais comuns de as pessoas errarem são crase, reescrita e interpretação de texto, em português, e, no caso da matemática, operações que envolvam incógnitas, porcentagem e mudança de unidade de medida. Em relação as de ética, os erros estão associados a não compreensão da norma e ou aos trocadilhos, vulgo “pegadinhas”, que a banca costuma fazer. Por isso, vale a atenção redobrada.

    Já em matemática, ela diz que um dos os assuntos mais frequentes são equações: “O que mais cai são resoluções de problemas com equação de 1° e 2° grau, área e perímetro. O fato de a prova ser para recenseador, é quase certo que haja questões de leitura de mapas e plantas baixas, são assuntos bem básicos. Além disso, o que tende a acontecer, é ter em uma única questão assuntos que se misturam, pois esta é uma característica típica do Cebraspe. Eles cobram 3 a 4 dos assuntos juntos”. Lucineide ainda diz que, além de estudar bastante os assuntos do edital, é importante conhecer o perfil das questões e fazer simulados ao concluir os estudos, com revisão semanal, para garantir que houve a fixação do conteúdo. Ela recomenda que a rotina de estudos seja em torno de duas a quatro horas por dia.

    Inscrições 
    As inscrições estão abertas a partir das 10h de hoje para ACM e ACS e na próxima terça-feira (23), para recenseadores. Para a prova dos agentes censitários, ela pode ser feita até 15 de março, a partir do pagamento da taxa de R$ 39,49. Já no caso dos recenseadores, o prazo para inscrição é até 19 de março, no valor de R$ 25,77. As provas serão realizadas nos dias 18 de abril (ACM e ACS) e 25 de abril (recenseadores). Os resultados estarão disponíveis a partir do dia 27 de maio de 2021. Os agentes serão contratados a partir de 31 de maio e os recenseadores a partir de julho. A segunda fase, que consiste no treinamento, no caso dos recenseadores, será feito entre 19 e 23 de julho.

    Censo por internet e telefone 
    Especificamente nesse ano, por conta da pandemia do novo coronavírus, os informantes que receberam o IBGE em suas casas podem responder o questionário por telefone ou pela internet. “Se for possível e os informantes se sentirem confortáveis, seguros com isso, o questionário deve ser aplicado presencialmente. Vários protocolos de segurança sanitária serão aplicados para tentar fazer com que as pessoas se sintam seguras, mas, se elas não quiserem responder, podem fazer de outra forma. O importante é que respondam”, disse a supervisora de Disseminação de Informações do IBGE, Mariana Viveiros.

    É a primeira vez que os brasileiros poderão responder o questionário do IBGE pela internet. A estratégia de resposta por telefone está diretamente ligada às circunstâncias da pandemia, não existe um projeto para que essa coleta por telefone se torne algo permanente. Mesmo podendo responder de outra forma, a coordenadora do IBGE indica que o presencial é melhor. “Para o IBGE, é mais interessante a resposta presencial, porque você está lá com recenseador, e, se tiver com alguma dúvida, é mais fácil de tirar. A resposta por internet as vezes a pessoa fala que vai responder e não reponde, aí precisa ir lá alguém dar cobrada”, completa Mariana.

    O que são postos de coleta? 
    Postos de coleta são onde as equipes dos agentes censitários e recenseadores se reúnem, organizam a logística e transmitem os dados para a sede do IBGE, no Rio de Janeiro. Somente três dos 417 municípios da Bahia não têm postos de coleta – Lajedão, Lajedinho e Lafayete Coutinho. Por serem cidades pequenas e próximas de outras onde estarão os postos.

    Como é feito o censo? 
    O Censo do IBGE é realizado a cada 10 anos. Os recenseadores vão aos 71 milhões de endereços cadastrados no sistema do Instituto para atualizar as coordenadas e aplicam os questionários com os moradores das residências

    Cargos abertos para o Censo 2021 do IBGE: 
    1) AGENTE CENSITÁRIO MUNICIPAL (ACM) 
    Requisito: ensino médio completo.
    Remuneração mensal: R$ 2.100
    Carga horária: 40 horas semanais, 8 horas diárias
    Funções: gerenciamento e controle dos recursos humanos e materiais do Posto de Coleta,  gestão de equipe de Agentes Censitários Supervisores e Recenseadores

    2) AGENTE CENSITÁRIO SUPERVISOR (ACS) 
    Requisito: ensino médio completo.
    Remuneração mensal: R$ 1.700
    Carga horária: 40 horas semanais, sendo 8 horas diárias.
    Funções: supervisão da operação censitária

    Taxa de inscrição (para ACS e ACM): R$ 39,49. Inscrição somente via internet, pelo site, das 10 horas do dia 19 de fevereiro de 2021 às 23 horas e 59 minutos de 15 de março de 2021

    3) RECENSEADOR 
    Requisito: ensino fundamental completo.
    Remuneração: por produção. O candidato pode simular valores pelo link:
    Carga horária: mínimo de 25 horas semanais
    Funções: coleta os dados por meio de entrevistas com os moradores

    Taxa de inscrição: R$ 25,77. A inscrição é feita somente via internet, pelo site, das 10 horas do dia 23 de fevereiro de 2021 às 23 horas e 59 minutos de 19 de março de 2021.