Empresários criticam prorrogação da proibição de shows na Bahia: “setor está excluído do plano de retomada do governador”

Empresários do setor de entretenimento ouvidos pelo BNews criticaram a prorrogação da proibição da realização de shows no território baiano, publicada no Diário Oficial do Estado nesta terça-feira (31). Conforme o documento, a suspensão de festas públicas ou privadas segue até o dia 10 de setembro. Por outro lado, foi renovada a autorização de até 500 pessoas em eventos como cerimônias de casamento e solenidades de formatura.

Para o empresário Aldinho Benevides, o decreto não é coerente tendo em vista as cenas de aglomerações registradas em praias e festas do tipo ‘paredão’ realizadas em diversos pontos do estado.

“Estamos vendo praias lotadas, festas com paredões com muito mais de 500 pessoas e o setor organizado do entretenimento, que se preocupa, tem responsabilidade, que gera empregos e paga impostos está sendo penalizado. O governador precisa olhar mais para esse segmento, que é muito importante para o estado que ele governa”, diz o empresário.

Benevides ressalta ainda a queda nos números da pandemia na Bahia, como a ocupação de leitos de UTI e de casos da Covid-19.  “Já está na hora do governador olhar com mais carinho para o nosso setor e entender que fomos os primeiros a parar e seremos os últimos a voltar. Os leitos de hospitais já estão bem mais tranqüilos e o número de mortes já baixou completamente, ou seja, já está na hora de a gente começar devagar, senão o setor não vai sobreviver”, frisa.

Marcelo Brito, da Salvador Produções, responsável por grandiosos eventos como o Salvador Fest e Festival de Verão, fez uma comparação do setor com demais segmentos da economia, que já estão com as suas atividades em funcionamento.

“A gente fica perplexo com essa continuidade do decreto. Todos os setores da economia já voltaram e tiveram suas atividades normalizadas e apenas o setor de entretenimento está excluído do processo de retomada do governador da Bahia”, diz o empresário.

Marcelo chama a atenção também da importância da realização de eventos para a geração de emprego e renda no estado. “A gente precisa que o governador repense isso e entenda o tamanho do setor de entretenimento, a responsabilidade para a economia e geração de empregos. A gente não aguenta mais esse tipo de situação”, desabafa.

Só neste ano, A Bahia deixou de arrecadar R$ 79 milhões de ICMS influenciado pelo cancelamento do São João, conforme estudo da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Com base no último ano comemorativo dos festejos juninos, em 2019, estima-se que ao menos R$ 64,7 milhões provenientes do setor Além disso, 24,2 mil empregos formais e informais deixaram de ser gerados nos setores com atividades correlacionadas com o festejo junino.

Levando estes números em consideração, Guto Ulm, da 2GB Entretenimento, responsável por comandar projetos no carnaval de Salvador e outros eventos na cidade, classificou como “insensível” a prorrogação do decreto, e assim como Aldinho Benevides, destacou avanços positivos significativos no que diz respeito à pandemia,.

“É Um absurdo essa falta de sensibilidade do governo baiano com o setor de entretenimento. A vacinação avança, o mundo começa a retomar suas atividades e a Bahia fecha os olhos pra um setor produtivo de tamanha importância. Libera casamentos e encontros para 500 pessoas e não libera a volta de shows com 500 pessoas seguindo os mesmos protocolos? Sob qual justificativa?”, questiona.

O decreto publicado nesta terça autoriza ainda a realização de eventos urbanos e rurais em logradouros públicos ou privados, circos, parques de exposições, passeatas e afins, funcionamento de zoológicos, parques de diversões, museus, teatros e afins.

A decisão que autoriza o funcionamento de academias e estabelecimentos voltados para a realização de atividades físicas com ocupação máxima de 50% também foi renovada para 10 de setembro.

Evento-teste

Em Salvador, um evento-teste promovido pela prefeitura na noite da última sexta-feira (27) frustrou as expectativas. Com um público estimado de até 500 pessoas, o Centro de Convenções da capital baiana, na Boca do Rio, recebeu pouco mais de 100 participantes, incluindo a imprensa e funcionários.

A baixa adesão ao evento aconteceu um dia após a Bahia registrar três casos de infecção pela variante delta do coronavírus e um registro da beta. O que também afastou os convidados foi a chuva. Durante o show de Gerônimo, as poucas pessoas que estavam no lounge saíram correndo para recepção.

Além de Gerônimo – que cantou parte do show para lounges vazio por causa da chuva -, o evento-teste também contou com apresentações de Márcia Castro, Afoxé Darajú de Odé e Telefunksoul.

 

 

Bnews