Inflação chega a dois dígitos no Brasil

A inflação cruzou a marca dos dois dígitos no Brasil em 2021, algo que não ocorria desde 2015, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (11). Entre janeiro e dezembro do último ano, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 10,06%.
O Brasil não é o único que enfrenta um problema de aumento generalizado de preços. Nos Estados Unidos da América (EUA), na Europa e também na América Latina, os bancos centrais, viram os indicadores de inflação crescer mais do que previsto.
Fatores domésticos se somaram aos motores externos e contribuíram para que o Brasil registrasse uma das maiores inflações da América Latina. O país, no entanto, só fica atrás da Argentina, 51,2%,  e da Venezuela  2.700%
De acordo com a BBC, diferente das particularidades de cada país, as condições globais também favoreceram a desvalorização das moedas latino americanas. O fator principal foi o aumento de juros dos EUA, com juros maiores, os investidores tendem a migrar para mercados considerados seguros,
Ao lado das particularidades de cada país, as condições globais também favoreceram a desvalorização das moedas latino americanas. Uma delas foi o aumento dos juros nos Estados Unidos – que se deparou com a necessidade de subir as taxas porque também passou a lidar com um problema de inflação crescente. Com juros maiores nos EUA, os investidores em geral tendem a migrar para mercados mais seguros, e tiram dinheiro dos países emergentes.
De acordo com Felipe Camargo, economista para América Latina da consultoria inglesa Oxford Economics, boa parte da inflação que bateu na América Latina em 2021 veio da combinação entre esses dois fatores.
“É o que estamos chamando [em nossos relatórios] de ‘inflação importada'”, diz o economista.
Os principais canais de transmissão desta dita “inflação importada” é o repasse de custos: É o incentivo que o câmbio gera sobre os exportadores, como é mais vantajoso exportar, os produtores preferem vender para fora ao invés de dentro do próprio país, o que aumenta o preço interno dos produtos, além disso  o produtor local passa a comprar o insumo mais caro e repassa o valor para o consumidor.
No caso do Brasil, ambos economistas citam a crise hídrica, que exerceu pressão sobre dois grupos, os de alimentos e de energia elétrica.
“A inflação do Brasil foi a que mais se desviou da meta”, ressalta Camargo, alegando a meta de inflação determinada pelo BC, de 3,75%.
“Foi o que mais sofreu choques: a pior depreciação cambial, que veio antes e durou mais, e o maior choque de oferta, por causa da questão da crise hídrica e da energia”, finaliza.