Nesta segunda-feira (20) o tema do quadro “Momento do Especialista” do programa “Fala Comigo” foi hiperidrose, condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e que é mais do que um simples incômodo. Caracterizada pelo suor excessivo além do necessário para regular a temperatura corporal, a doença afeta cerca de 3% da população e pode ser hereditária. Em muitos casos, o impacto na autoestima e nas atividades diárias costuma ser significativo. 

Transpirar é algo normal para o ser humano. A função do suor, basicamente, é o controle da temperatura do corpo. Por isso, é natural suar quando a temperatura do ambiente se eleva ou durante a prática de exercícios. No entanto, na hiperidrose, o que ocorre é um quadro de suor excessivo, principalmente localizado nas axilas, palmas das mãos, plantas dos pés e/ou face em diferentes combinações.

O cirurgião torácico Pedro Leite,  especialista no tratamento da doença falou sobre as causas, sintomas e procedimentos clínicos para a melhora do distúrbio.De acordo com Leite, a hiperidrose é classificada como primária quando não existe uma causa subjacente. Neste caso, ela costuma surgir precocemente na infância e é frequentemente localizada nas mãos e axilas, causando constrangimentos sociais, dificuldades no trabalho e em situações cotidianas, o que pode desencadear problemas como ansiedade e depressão. 

“Com frequência, os pacientes com a doença relatam, por exemplo, evitar apertos de mão e outras situações que necessitem de contato por estarem frequentemente com a pele úmida”, destacou o médico.

Durante a avaliação clínica, é muito importante diferenciar esse quadro da chamada hiperidrose secundária, que acomete o corpo mais difusamente e está relacionada a doenças endócrinas como diabetes, hipertireoidismo, doenças neurológicas, medicamentos ou até mesmo à alimentação. Nesse caso, a identificação da causa básica e o acompanhamento com o especialista adequado é essencial para a resolução do problema. 

O diagnóstico da hiperidrose é clínico, baseado nos sintomas referidos pelo paciente, sendo desnecessária a realização de exames complementares. O tratamento cirúrgico (simpatectomia) é indicado em casos de hiperidrose palmar e axilar refratária a tratamentos clínicos. “Esse procedimento, minimamente invasivo e seguro tem proporcionado resultados positivos para pacientes  que sofrem com a condição, que agora podem experimentar uma vida sem o constante incômodo do suor excessivo”, explicou o cirurgião.

Além da cirurgia, existem outras opções de tratamentos para a hiperidrose, como medicação oral, cremes tópicos, toxina botulínica, entre outros, com graus variáveis de eficácia e satisfação. De maneira geral, esses tratamentos clínicos são considerados temporários, pois a interrupção do uso dos medicamentos está associada ao retorno dos sintomas. A toxina botulínica também tem o seu efeito diminuído com o tempo, sendo necessárias novas aplicações, além de ter um custo muito alto. 

Segundo Pedro Leite, o tratamento mais efetivo, com melhor resultado e efeito duradouro, é a simpatectomia, cirurgia realizada por uma técnica minimamente invasiva (videotoracoscopia) através de uma ou duas pequenas incisões abaixo da axila. “O procedimento é seguro e com um alto índice de satisfação dos pacientes. A principal complicação da cirurgia é a possibilidade de sudorese compensatória, definida como o aumento da transpiração em outras áreas do corpo, como dorso, nádegas e coxas. A indicação e técnica cirúrgica precisas diminuem bastante o risco dessa complicação”, pontuou o especialista.