Casal gay brasileiro enfrenta preconceito na Irlanda

    O casal paulista Cristiano Lombardi, 35, e Kristian Salermo, 32, ambos produtores de eventos, diz ter se deparado com o preconceito pela primeira vez em Dublin.

    “Não quero esse tipo de homem perto do meu filho pequeno”, alegou um senhorio, ao saber do interesse do casal em um de seus apartamentos.

    A situação, segundo os dois, ocorreu duas vezes em um curto espaço de tempo desde que eles se mudaram para a capital da Irlanda, buscando aprimorar o inglês e adquirir experiência com grandes produções artísticas.

    No país, de grande maioria católica, 60% da população aprovou em maio o casamento entre homossexuais —primeira vez no mundo em que a medida foi referendada pelo voto popular. A iniciativa foi apoiada por todos os partidos políticos do país, grandes empresas e muitas celebridades.

    Na última sexta-feira (26), o mais alto escalão do Judiciário dos EUA, a Suprema Corte, decidiu estender a todos os 50 Estados do país o direito de pessoas do mesmo sexo se casarem.

    Esse tipo de união já é legalizado em diversos países europeus, incluindo França, Bélgica, Portugal, Holanda, Espanha, Suécia e Noruega. No Brasil, ela é permitida por resolução do Conselho Nacional de Justiça, que em 2013 proibiu os cartórios de se recusarem a fazer o casamento de homossexuais.

    Kristian diz ter ficado chocado com a reação do senhorio. “Não andamos de mãos dadas nas ruas, não por medo ou vergonha. Apenas não é uma coisa nossa ficar demonstrando carinho em público. Muitas pessoas, quando nos conhecem, não creem que somos um casal.”

    Cristiano, porém, avalia que a burocracia para se casar é menor na Irlanda do que no Brasil.

    “O amor simplesmente acontece. Não é uma lei que vai regulamentar o que sinto por ele ou o que ele sente por mim”, acrescenta Kristian. “Cresci hétero em uma coxia de teatro. Minha mãe foi dançarina e sempre dizia ‘não é feio achar homem bonito’. Nunca questionei. Fui me descobrir gay há dez anos e assim sou feliz”, encerra.

    Com informações da Folha de São Paulo