Desde o ano de 2015, o governo federal cortou mais de R$ 12 bilhões do orçamento das nas instituições públicas e da ciência e tecnologia. Este montante ilustrou, na tarde desta segunda-feira, 16, o visor do “tesourômetro”, painel que denuncia em tempo real os cortes nessas áreas.
Em frente à reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba), no bairro do Canela, o equipamento integra o ato em defesa da universidade pública e gratuita pela campanha “Conhecimento sem Cortes” e já foi instalado em outras universidades públicas do país.
O ato ocorreu durante a abertura do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão da Ufba e contou com a participação de representantes de movimentos sociais, da comunidade universitária e reitores de instituições federais de ensino superior.
O congresso está previsto para o período de 13 a 17 de março de 2018. A programação contará com 93 mesas de debates, apresentação de 2.374 trabalhos de estudantes, além de 60 intervenções artísticas.
Sobre as dificuldades de promover a pesquisa acadêmica em um cenário de corte orçamentário, o reitor da Ufba, João Carlos Salles, exaltou a resistência do corpo docente, alunos e servidores da universidade.
“Todos percebem a gravidade do problema financeiro, mas a comunidade acadêmica está comprometida com a luta pela universidade pública de qualidade”, defendeu o reitor da Ufba, Jão Carlos Salles.
Verba
A Ufba possui R$ 15,8 milhões da verba de custeio retida. O falta de repasse dessa quantia pode deixar dívida de mais de R$ 20 milhões para o orçamento do próximo ano.
A valorização do ambiente acadêmico também foi a tônica do discurso do presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Emanuel Tourinho.
Comunidade acadêmica lotou salão da Reitoria, no Canela (Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE)
Ele, que também é reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), pregou o diálogo com a sociedade como uma forma de discutir a importância da universidade pública.
“A academia está a serviço da população e, por isso, estamos aqui para defender as instituições contra os cortes de verbas”, ressaltou o presidente da Andifes.
Academia
Os R$ 12 milhões de corte orçamentário em pesquisa e educação, apontado pelo “tesourômetro”, interferem no recebimento de bolsa dos alunos.
Estudante de artes cênicas, Daiane Nascimento teve problemas com o auxílio universitário. “Recebi a bolsa atrasada, mesmo assim consegui terminar minha pesquisa sobre identidade e gênero”, relatou.
O baixo orçamento também reflete na continuidade de projetos de pesquisa. “Iniciativas de saúde foram afetadas pelo corte”, disse o professor do Instituto de Saúde Coletiva, Fransley Lima.