Candeias: Comando da PM e familiares se reúnem para discutir morte de artista

    Foto: Reprodução- Facebook

    Os familiares do artista plástico, Manoel Arnaldo Filho, estarão nesta terça-feira (24), na sede do Comando da Polícia Militar, em Salvador, e participarão de uma reunião com o comandante geral da PM, Coronel Anselmo Brandão, para discutir o processo de investigação da morte do artista. O prefeito Pitágoras Ibiapina e os vereadores do município também irão ao encontro que vai tratar também sobre a segurança do município. Em nota, a prefeitura de Candeias informou que a reunião foi convocada por conta do alto índice de violência que o município tem registrado nos últimos meses. “A violência em Candeias vem crescendo constantemente, o que preocupa não apenas a população, principal afetada pela situação, como também as autoridades municipal”.

    Protesto

    Os moradores de Candeias realizaram, na manhã desta segunda-feira (23), uma manifestação em frente a 20ª Delegacia Territorial, contra a morte do artista plástico. O grupo seguiu em caminhada pela BA-522, até a sede do batalhão da 10ª Companhia Independente da Polícia Militar, (10ª CIPM). “Mataram um inocente que não tinha envolvimento com o crime. A gente quer se faça justiça”, disse um dos moradores.

    Na delegacia, os familiares se reuniram com o titular da 20ª DT/Candeias, Marcos Laranjeira, e solicitaram a abertura de um inquérito paralelo para investigar a morte do artista. Os familiares informaram ainda que uma representação será protocolada no Ministério Público estadual solicitando o acompanhamento da Polícia Civil nas investigações.

    Após o ato, familiares participaram de um encontro com o comandante da 10ª Companhia Independente da Polícia Militar, major Paulo Cesar Nunes. Ele informou que os policiais envolvidos na ação foram afastados das funções até a conclusão do inquérito policial militar.

    Em entrevista ao programa Fala Comigo desta segunda-feira (23), o major comandante da 10ª Companhia Independente da Polícia Militar, Paulo César Nunes afirmou que a Corregedoria da Polícia Militar instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias do crime.

    “Nós acionamentos o plantão judiciário da corregedoria da Polícia Militar para que os procedimentos legais sejam adotados. Logo após o registro da ocorrência na corregedoria, o capitão judiciário se deslocou até a cidade de Candeias, juntamente com peritos do Departamento de Polícia Técnica para a realização da perícia. Após esse procedimento, foi instaurado um inquérito pela corregedoria para investigar as circunstâncias desse fato. É preciso aguardar a investigação para apurar o que realmente aconteceu”, disse o major Paulo César Nunes.

    Caso

    Manoel Arnaldo Filho, de 61 anos, conhecido como Nadinho, foi morto a tiros dentro da casa onde morava, no bairro do Santo Antônio, em Candeias, região metropolitana de Salvador, durante uma ação da Polícia Militar, na noite do último sábado (21), no bairro do Santo Antônio. Segundo testemunhas, uma guarnição da 10ª Companhia Independente da Polícia Militar (10ª CIPM) teria invadido a casa do artista e efetuado os disparos contra a vítima que estava desarmada. “Nossa Polícia não pega ninguém, não mata ninguém, não mata vagabundo. Quando mata, mata um pai de família”, afirmou um dos familiares que não quis se identificar. O artista chegou a ser socorrido para o Posto Médico Luís Viana Filho, mas já chegou a unidade de saúde sem vida.

    Testemunhas disseram que a vítima pintava um quadro quando teve a casa invadida pelos policiais. “Eles ficaram parados na parte de cima da rua, pensando o que fazer. Já tinha feito a besteira de não terem ouvido dos vizinhos que ele eram de bem. Mas mesmo assim eles atiraram covardemente, a arma que ele tinha nas mãos no momento era o pincel, ele estava terminando um quadro”, contou um dos vizinhos que não se identificar.

    “Esses policiais chegaram armados, com arama de grosso calibre e perguntaram onde era a casa 11, não perguntaram em momento nenhum quem morava. Debaixo do coro de vizinhos pedindo para eles não fazerem nada, pois sabiam que nessa casa morava um artista plástico, alias, o único da cidade, eles não pensaram duas vezes, e o Arnaldo abrir a porta, eles alvejaram duas vezes, arrombaram a porta, tiraram o corpo do mesmo dentro de casa”, contou a testemunha.

    Versão da PM

    De acordo com a PM, em nota enviada a imprensa, a guarnição foi até o bairro do Santo Antônio, por volta das 20h, após receber “um chamado através do Centro Integrado de Comunicação (CICOM) informando que um homem havia invadido uma residência”.

    Os policiais militares informaram, em depoimento, que o “homem que apareceu em uma das janelas recepcionou os policiais empunhando e apontando uma arma de fogo contra os integrantes das guarnições e, segundo o relato dos próprios policiais, teria acionado duas vezes a tecla do gatilho da arma, mas a munição teria falhado. Frente a iminente ameaça, os policiais alvejaram o homem com dois disparos, um atingiu o braço e outro o tórax”.

    Ainda segundo a PM, “a arma utilizada pelo homem e apreendida após a ocorrência era um revólver calibre 32 com seis cartuchos, sendo dois percutidos e não deflagrados e quatro intactos”.

    Ainda segunda a nota, a Polícia Militar informou que um inquérito Policial Militar foi instaurado e que a Corregedoria está apurando o caso. O inquérito tem o prazo de 40 dias para ser concluído.