Com Temer no governo negócios do amigo e suposto operador cresceram, mostra Lava Jato

    Com informações do Estadão

    A Operação Lava Jato indica que os negócios da Argeplan, empresa de João Baptista Lima Filho, o Coronel Lima, amigo e suposto operador financeiro de Michel Temer, seria usada para receber propinas e que os negócios da firma cresceram conforme o ex-presidente ocupava cargos públicos. Michel Temer e Coronel Lima foram presos preventivamente nesta quinta-feira, 21, pela Lava Jato do Rio. O ex-presidente é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e peculato. Temer seria o líder de uma organização criminosa que teria acertado R$ 1,8 bilhão em propinas ao longo de pelo menos 20 anos.

    A operação de ontem, batizada de Operação Descontaminação, mira propina de R$ 1,1 milhão desviado das obras da Usina Termonuclear Angra 3 – e decorrem das apurações iniciadas em 2015 pela Lava Jato em Curitiba. A Argeplan está em nome do Coronel Lima e Carlos Alberto Costa, outro suposto operador financeiro do ex-presidente, também preso ontem. O primeiro é ex-policial miliar e ex-assessor de Temer. No pedido de prisão, o Ministério Público Federal montou um quadro que mostra que a Argeplan nos anos de 1992 e 1993, por exemplo, mais que quadruplicou o número de contratos com a Polícia Militar no Estado de São Paulo. Destaca-se que nesse período, “Michel Temer era Secretário de Segurança Pública do Estado e Coronel Lima era seu assessor na Pasta”. Temer foi secretário da Segurança de São Paulo nesse período e entre 1983 e 1984.

    Antes, foi procurador-geral do Estado de São Paulo (1983 a 1984). “Documentos apreendidos na sede da Argeplan e analisados no Rama nº 68/2018 reforçam a conclusão de que essa empresa era uma estrutura societária formada por operadores financeiros (Coronel Lima e Carlos Alberto) de Michel Temer e administrada para realizar a captação de propinas e verbas públicas em contratos superfaturados firmados com o Poder Público ou com empresas intermediárias e realizar lavagem de dinheiro”, informa o pedido de prisão de Temer, Coronel Lima e outros oitos investigados, feito pelo Ministério Público Federal do Rio.

    A Lava Jato afirma que para entender a “complexa rede de atos que permitiu a permanência e estabilidade do grupo criminoso desde a década de 80, é necessário” contextualizar a constituição da Argeplan e a entrada do Coronel Lima em seu quadro societário, com a paralela análise do crescimento exponencial de contratos firmados por esta empresa e a Administração Pública nos períodos em que Michel Temer ocupou cargos públicos”. Aberta em 1974, a Argeplan só passou a ter relação registrada com Coronel Lima e Carlos Alberto Costa, outro homem de confiança de Temer, em 1995. A Lava Jato, no entanto, diz que desde a década de 1980 há elementos que apontam o elo da empresa com o ex-assessor de Temer. Oficialmente, o amigo do ex-presidente só aparecerá como sócio da empresa em 2011.