Consumidor trabalha 190 horas para comprar um smartphone

Com informações do Correio da Bahia ( Foto: Reprodução)

Décimo terceiro caindo na conta e muita gente sabe bem para onde vai esse dinheiro. Na era da tecnologia da comunicação não basta ser apenas um celular. Tem que ser ‘o’ aparelho. No entanto, o objeto de desejo, com um custo médio de R$ 1,5 mil, vai significar 190 horas de trabalho, segundo um levantamento feito pelo Instituto Akatu de Consumo Consciente.

Em outras palavras, 24 dias e seis horas ou quase um mês na função, levando em consideração uma jornada semanal de 44 horas. O cálculo considerou o rendimento médio mensal de um brasileiro (R$ 1.226, segundo o IBGE). “O cálculo foi feito com o objetivo de chamar a atenção do consumidor para o significado da compra de um celular para a sua própria vida – mostrando, de forma inusitada, que ele não gasta apenas o dinheiro, mas que também gasta o seu tempo. Com isso, a ideia é refletir sobre a relação entre o uso do tempo e as trocas constantes de equipamentos de tecnologia da informação”, afirma o diretor presidente do Instituto, Helio Mattar.

A ideia também é evitar as compras por impulso, sobretudo, no final de ano. “Estou usando bem o tempo que dediquei ao trabalho, buscando comprar o que eu realmente necessito e não comprando sem pensar na necessidade? Sob a promessa de ficarmos mais eficientes e sermos mais ‘modernos’, somos levados a fazer a troca, muitas vezes precocemente, muitas vezes pela mensagem de que é preciso ‘ter’ para ‘ser’”.

Mattar esclarece que a questão não é deixar de consumir, mas fazer compras conscientes. “A prática do consumo consciente começa com a análise da necessidade do produto ou do serviço que se vai consumir. É preciso entender o porquê, o quê, o como, o de quem comprar; o como usar e descartar. Avaliar o custo x benefício do que vai comprar também é outro fator importante”, defende.

A assistente administrativa, Ana Cristina Oliveira é uma destas consumidoras antenadas em tecnologia, mas que mudou a maneira de lidar com a troca do smartphone. “Costumava trocar sempre o aparelho, uma vez por ano. Mas fiquei desempregada por um tempo e parei de fazer isso. São dois anos com o mesmo aparelho. Vou comprar outro realmente porque o meu celular está ultimas”, conta.

O 13º salário na troca de um novo smartphone, que deve ficar entre R$ 800 e R$ 1,4 mil, a depender da versão que ela escolher daqui até lá. “Eu busco uma memoria grande, porque baixo muito aplicativo. Eu vou pagar à vista. Realmente estou fazendo um esforço danado para me segurar e não gastar muito. Vou juntar a primeira parcela do décimo e vou tirar metade do meu salário para pagar o restante”.

Queridinho

Segundo um levantamento feito pelo Zoom, site comparador de preços de produtos, os smartphones fecharam o último mês em primeiro lugar na lista de produtos mais buscados. Em seguida vieram os televisores, notebooks, tênis e a geladeira.

“Os smartphones tem uma grande gama de lançamentos de modelos ao longo do ano. Entre os eletrônicos, são produtos com uma rotatividade de troca muito grande, por isso estão sempre na liderança de categorias mais buscadas. Além disso, 62% dos brasileiros possuem smartphone, o que garante uma grande cobertura desse produto”, pontua o diretor-executivo do Zoom, Thiago Torres.