Mais de 37 mil casos de violência contra mulheres foram registrados em 2017 na BA

    Com informações do BN ( Foto: Reprodução)

    No início tudo é um mar de rosas. Confesso que essa expressão nunca fez tanto sentido em minha vida desde quando eu me apaixonei. No começo foi tudo tão mágico. Os encontros, a vontade de estar sempre perto, a saudade, as declarações. Eu tinha certeza que estava conhecendo o grande amor da minha vida. A cada dia aumentava ainda mais os planos e o desejo de construir um futuro juntos. No entanto, depois de algum tempo as coisas foram mudando. A rotina começou a fazer parte da nossa relação e com ela surgiram algumas discussões por diversos motivos. Quanto mais o tempo passava eu percebia que na verdade eu não conhecia a pessoa que eu tinha ao meu lado. Aquela pessoa que me proporcionou momentos maravilhosos começou a se mostrar um ser agressivo e assustador. Foram muitas brigas. Ele começou aumentando o tom de voz, depois vieram os empurrões até chegar o ponto de ele me bater. A cada marca de agressão em meu corpo crescia ainda mais a vontade de ter aquele ser longe de mim. Minha vida virou um inferno e foi aí que decidi pedir a separação com o desejo de reconstruir a minha história. Esse é um relato fictício, no entanto, mostra a realidade de cerca de 70% das brasileiras que sofrem algum tipo de violência.

    De janeiro a setembro de 2017, a Bahia registrou mais de 37 mil casos de violência contra a mulher. Já em todo o ano de 2016 foram contabilizados 58.744 ocorrências do tipo. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).

    Do número total de ocorrências realizadas até setembro deste ano, foram computados 38 casos de feminicídios, e 206 casos de homicídios dolosos, quando há intenção de matar. No mesmo período, também foram contabilizados 304 tentativas de homicídios, 407 estupros, 11.346 lesões corporais e 24.359 ameaças. Desses números, 8.205 casos foram registrados na capital baiana.

    Ela ligou me pedindo socorro. Nesse dia, ela estava trancada no quarto e ele tentava arrombar a porta com uma faca em punho para matá-la. Já cansei de chegar na casa dela e a encontrar com o braço roxo. Desde o início da relação ele era agressivo com ela e, por isso, a família toda era contra o relacionamento. Lutei muito para ela terminar essa relação, mas ela era apaixonada e acreditava na mudança dele”. O desabafo é da servidora pública Almerita Moura, prima da corretora de imóveis Janaína Silva de Oliveira, de 42 anos, morta a facadas dentro do apartamento onde morava.

    O caso aconteceu no dia 10 de setembro, no bairro do Barbalho, em Salvador. O corpo de Janaína foi encontrado pela própria filha. Quatro dias depois, o ex-companheiro de Janaína, Aidilson Viana de Souza, conhecido como “Carambola”, 44, foi preso apontado como principal suspeito de cometer o crime.

    Adílson foi acusado de feminícidio, que é caracterizado quando a vítima é morta apenas pelo fato de ser mulher, quando ela é subjugada por causa do gênero.

    Acusado de matar corretora, marido alega legitima defesa e diz que foi atacado com facada pelas costas.

    Maria da Penha

    Em agosto de 2006, foi sancionada a Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, destacando as punições para esse tipo de crime. De acordo com o texto aprovado, a lei “cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências”.

    Segundo o Tribunal de Justiça da Bahia, o envolvimento em uma relação de maus tratos físicos e/ou mentais, humilhação, chantagem, depreciação, exploração por parte de parceiro ou chefe, negligência ou omissão de cuidados de socorro em casos de doença ou gravidez, cantadas consideradas indecentes ou propostas constrangedoras comprometendo o emprego, são algumas situações que podem ser classificadas abuso ou violência contra mulheres.

    Na segunda matéria da série, o BNews ouve a psiquiatra Sandra Peu para traçar o perfil do homem agressor. A especialista também fala sobre as consequências psicológicias para as vítimas.

    Unidades de Atendimento à Mulher na Bahia:

    Central de Atendimento à Mulher : disque 180

    Central de Atendimento à Crianças e Adolescentes: disque 100

    Saúde da Mulher: disque 0800 61 1997

    Secretaria de Segurança Pública: Disque 3237-0000

    DEAM – Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher:
    End.: Rua Padre Luiz Filgueiras, S/N – Engenho Velho de Brotas
    Tel.: (71) 3116-7000

    End.: Dr. José de Almeida, S/N – Praça do Sol – Periperi
    Tel.: (71) 3117-8217 (Plantão)

    Delegacia Especial de Atendimento a Mulher- DEAM- Feira de Santana- Bahia
    End.: Av. Maria Quitéria, 841 – Bairro Brasília
    Tel.: (75) 3602.9284

    Delegacia Especial de Atendimento a Mulher – DEAM – Itabuna- Bahia
    End.: Praça da Bandeira, 01 – Centro – Itabuna – BA
    Tel.: (73) 3214.7820/3214.7822

    Delegacia Especial de Atendimento a Mulher – DEAM – Ilhéus – Bahia
    End.: Rua Oswaldo Cruz nº 43 – Cidade Nova
    Tel.: (73) 3234.5274/3234.5275

    Delegacia Especial de Atendimento a Mulher – DEAM – Vitória da Conquista – Bahia
    End.: Rua Humberto de Campos, 205 Bairro Jurema – Vitória da Conquista
    Tel.: (77) 3425.8369/3425.4414

    Delegacia Especial de Atendimento a Mulher – DEAM – Teixeira de Freitas- Bahia
    End.: Rua Nossa Senhora D’ajuda, s/n -Teixeira de Freitas
    Tel.: (73) 3291.1552/3291.1553

    Delegacia Especial de Atendimento a Mulher – DEAM – Juazeiro- Bahia
    End.: Rua Canadá, 38 – Bairro Maria Gorette
    Tel.: (74)3611.9831/3611.9832

    Delegacia Especial de Atendimento a Mulher – DEAM – Porto Seguro- Bahia
    End.: Rua Itagiba, 139- Centro
    Tel.: (73) 3288.1037/3288.1037

    Delegacia Especial de Atendimento a Mulher – DEAM – Paulo Afonso – Bahia
    End.: Rua Nelson Rodrigues do Nascimento nº 92, Panorama – Paulo Afonso
    Tel.:(75) 3692.1437/3282.8039/3692.1437

    Delegacia Especial de Atendimento a Mulher – DEAM – Alagoinhas- Bahia
    End.: Rua Severino Vieira nº 702 – Centro- Alagoinhas
    Tel.: (75) 3423.4759/8253/3423.3862

    1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar
    End.: Rua Conselheiro Spínola, nº77 – Barris
    Tel.: (71) 3328-1195/3329-5038

    2ª Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, de Salvador – Fórum Regional do Imbuí.
    End.: Rua Padre Casimiro Quiroga, 2403 – Imbuí, Salvador
    Tel.: (71) 3372-7481/ 3372-7461/ 3372-7460

    Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Feira de Santana
    End.: Avenida dos Pássaros, nº 94, Mochila
    Tel.: (75) 3624.9615/3614-5835

    Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher – Juazeiro
    End.: Rua Carmela Dultra n. 24 – Bairro Centro
    Tel.: (74) 3614-2856 / 3612-8928

    Vara da Violência Doméstica e Familiar de Vitória da Conquista
    End.: Praça Estevão Santos, 41 – Centro
    Tel.: (77) 3425-8900