M. de Deus: Vereador é citado em caso de favoritismo no RH da Petrobras em reportagem

Sob o comando de sindicalistas, o setor de Recursos Humanos da Petrobras vê risco de perder ações trabalhistas crescer em 53 vezes e acumula casos de favorecimento, nepotismo e excesso de terceirização, segundo a reportagem da revista Época, publicada nessa quarta-feira (4).

De acordo com a reportagem, a política de concessões que eram ligadas a Federação Única dos Petroleiros (FUP), alinhada à CUT e ao PT– acabaram trazendo um aumento nas despesas da companhia criando um potencial de perdas bilionárias à empresa. A situação virou alvo de investigação do Ministério Público do Trabalho e, recentemente, da Operação Lava Jato.

No levantamento apresentado pela reportagem, mostra que desde 2006, o “resultado de acordos coletivos mal amarrados e avanço nas terceirizações de mão de obra, a Petrobras viu as ações trabalhistas explodirem. O risco financeiro de perda nessas causas cresceu 5.200% em nove anos, de R$ 470 milhões para R$ 25 bilhões, quando a receita da empresa apenas dobrou”.

Na lista de sindicalistas que aparecem sendo beneficiados pelo sistema de concessões, está o vereador da cidade de Madre de Deus, Anisvaldo Datro (PT). Na reportagem, o vereador é citado como um dos sindicalistas que tiveram ascensão na companhia com salário no valor de R$ 35 mil. Em outro trecho da reportagem, o vereador chegou a acumular promoções por desempenho ao longo dos anos na empresa. “Graças ao acordo, Daltro passou cinco anos sem vigiar uma instalação sequer. Toda essa dedicação rendeu-lhe frutos: em novembro de 2010, tentado por uma proposta para assumir o cargo de gerente de recursos humanos da diretoria de Gás e Energia, área então sob comando de Graça Foster, ele decidiu, enfim, voltar a trabalhar. Para quem entrara na empresa duas décadas antes com um cargo de nível médio e pouco trabalhara, a proposta de um salário de R$ 35 mil era irrecusável. O empregado, porém, acalentava aspirações políticas. Em 2012, candidatou-se, pelo PT, a vereador em Madre de Deus, cidade a 60 quilômetros de Salvador onde nasceu. Eleito com 409 votos, Daltro conseguiu conciliar o bom salário e a carreira parlamentar, onde ganharia menos de R$ 5 mil: pediu transferência para a Bahia e passou a se dividir entre a gerência de comunicação da fábrica de fertilizantes de Camaçari e o cargo legislativo. Tanto no período em que trabalhou só para o sindicato, quanto na fase em que se desdobrou como gerente e vereador, o dedicado petroleiro acumulou promoções por desempenho”, conta.

O texto também cita a participação do sindicalista Antônio Rangel oriundo do Sindipetro Norte Fluminense. Outros três sindicalistas aparecem na lista de beneficiários que alcançaram gerências executivas, o segundo maior nível hierárquico da companhia, com salários até R$ 70 mil. São eles: Diego Hernandes, no Recursos Humanos, Armando Trípodi, na Responsabilidade Social, e Wilson Santarosa, na Comunicação. Os três chegaram em 2003, pelas mãos do então presidente José Eduardo Dutra, morto ano passado. Ascenderam com José Sérgio Gabrielli, que comandou a estatal até 2012. (Leia a reportagem)