Tragédia em Brumadinho – 3º dia: buscas por sobreviventes continuam

Autoridades confirmaram a morte de 58 pessoas no rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG), região metropolitana de Belo Horizonte. No terceiro dia de buscas, bombeiros e Defesa Civil informaram que continuariam o trabalho mesmo depois de 20h, já que um ônibus soterrado foi localizado perto da área administrativa da Vale.

O tenente coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil de Minas Gerais, disse em entrevista coletiva que o número de mortos deve aumentar. A informação é de que o ônibus encontrados tem pessoas mortas em seu interior, mas a quantidade não foi confirmada.

Também na noite deste domingo, o Governo de Minas suspendeu o recebimento de donativos, informando que o material já é suficiente para o socorro das pessoas afetadas.

Buscas ficaram suspensas

À tarde, as buscas foram retomadas após serem temporariamente interrompidas pelo risco de rompimento de uma outra barragem na região. A interrupção aconteceu depois que uma sirene de segurança foi acionada por volta das 5h30.

Havia sido detectado um aumento dos níveis de água nos instrumentos que monitoram a barragem 6, de acordo com a Vale. Como medida preventiva, os moradores da região chegaram a ser deslocados para os pontos de encontro determinados previamente pelo Plano de Emergência. Cerca de 3 mil pessoas foram orientadas a deixar suas casas.

Por volta das 15h, a Defesa Civil informou que o risco de novo rompimento diminuiu. Moradores que tinham sido desalojados foram autorizados a retornarem para suas residências.

Um morador da parte baixa de Brumadinho disse em entrevista ao vivo à GloboNews que se assustou com o alarme e que, inicialmente, não sabia do que se tratava exatamente. Segundo ele, os vizinhos começaram a ligar uns para os outros para entender o que estava acontecendo e foram para a parte alta da cidade só depois que a polícia militar confirmou que era para todos deixarem suas casas.

“Larguei a casa, peguei só uns suprimentos e documentos e fui embora. Não teve nenhum treinamento para saber se podíamos pegar mais coisas”, disse.

Ajuda de Israel

Ao serem retomadas, as buscas devem contar com apoio de bombeiros de outros estados, como do Rio de Janeiro, e também com a ajuda de profissionais israelenses. Um avião com 130 soldados saiu de Israel em direção ao Brasil às 6h da manhã deste domingo, no horário de Brasília. O reforço deve chegar por volta das 21h30.

Além dos soldados, Israel enviou ao Brasil sonares do tipo usado em submarinos para localizar pessoas em grande profundidade com alta qualidade de recepção de imagem e detectores de vozes e ecos. Cerca de 16 toneladas de equipamentos estão sendo trazidas.

Segundo a repórter Gioconda Brasil, da TV Globo, o governo israelense enviará também uma aeronave com equipe médica, especialistas e engenheiros. O apoio foi oferecido pelo premiê Benjamin Netanyahu e aceito pelo presidente Jair Bolsonaro.

Impacto

O presidente da Vale, Fábio Schvartsman, diz que ainda não se sabe o que causou o rompimento da barragem e que foi uma surpresa, porque as indicações eram de que estava “tudo em ordem”.

Os rejeitos da mineração são resultado do processamento para separar o minério de ferro bruto de impurezas que não têm valor. Essa sobra contêm restos de minério, sílica e derivados de amônia.

A Vale afirma que a lama vazada não é tóxica. Especialistas dizem, porém, que há danos ambientais graves, como a contaminação do solo e da água por minério fino, que fica na sobra dos rejeitos.

A comunidade local já tinha alertado os órgãos ambientais do estado para o risco da continuidade das operações na mina do Córrego do Feijão, que já estava esgotada.

Estima-se que a lama percorra 200 km de área e chegue ao rio São Franciso. Ela está descendo a Serra dos Dois Irmãos, que é rica em Mata Atlância, deve cair no rio Paraopeba, que abastece um terço da região metropolina de Belo Horizonte.

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