Servidores criticam governo Bolsonaro e dizem que proposta dos Institutos Federais tenta controlar ensino

Uma proposta do Ministério da Educação (MEC) que prevê a criação de novos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) tem sido bastante criticada pelos servidores desses espaços. Segundo a classe, a proposta, apresentada de forma ainda imprecisa, não traria a expansão da educação, apenas o seu controle pelo governo de Jair Bolsonaro.

A proposta teria a pretensão de criar dez novos institutos federais no Brasil. Essa criação, porém, não prevê novos campus, vagas ou cursos. Os institutos já existentes serão divididos em mais institutos, com outras reitorias. Os reitores deverão ser indicados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

“Esse projeto não expande a educação, a rede federal, os institutos baianos. Ele vai dividir os institutos e criar uma nova reitoria na Bahia, em Ilhéus, além da que há em Salvador”, explica Carlos Magno, o presidente do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica Profissional (Sinasefe). No estado, além do IFBA e do IF Baiano, será criado, a partir deles, o IF do Sul da Bahia, com uma nova reitoria.

A posse de reitores nos institutos, em lei, deve ser feita a partir da indicação do governo federal. “Esse reordenamento, na verdade, serve para ele [Bolsonaro] poder indicar pessoas. É claro que essa reordenação está no bojo de uma série de ataques que a rede tem sofrido”, afirma Magno, diz.

A professora do IF Baiano e doutoranda em Educação pela UFBA, Cecília Nunes da Silva, vê o projeto como “contraditório”. “Teremos a abertura de novos campi? Não. De vagas para matrículas? Não. De contratações de copo docente? Não. Serão somente dez novas reitorias. Se só vai dividir, qual a justificativa? Será um gasto de cerca de R$ 80 milhões para essa reorganização, enquanto os institutos vêm sofrendo com cortes de verbas. É contraditório”, avalia.

 

Uma reunião com os servidores do IF baiano foi realizado nesta sexta (3) para discutir um posicionamento oficial. “O sentimento já sentido no geral é de que somos contrários ao que foi apresentado”, diz o professor do institudo Petry Lordelo. Segundo Cecília, entre todos os servidores, apenas um votou a favor do projeto no encontro.

Imprecisão

Segundo os servidores, ainda não há informações de quando o projeto seria posto em prática, quem é o autor do projeto, nem mesmo um documento oficial do ministério sobre a proposta. “Há uma ausência de informação, que motivou também o nosso voto contrário. Foi feita uma convocação dos reitores dos dez insititos do Brasil, a maioria do Nordeste. O que foi apresentado foi um ‘Power Point’ explicando superficialmente a proposta: ‘São dez institutos, a partir desses serão criados outros dez. Ainda nao tem um projeto definido, explicando com de fato isso funcionaria”, revela a professora do IF baiano, Cecília.

“Essa proposta, na verdade, não é novidade para a gente. Ela já apareceu no governo Temer e aparece de novo no governo Bolsonaro. O interessante é que esse governo, ao elaborar a proposta, não fez nem um documento escrito, só apresentou alguns slides, e até o conselho dos reitores foi deixado de lado. Não sabemos de onde vem, quem elaborou”, também questiona o Magno, presidente do Sinasefe.

Metro1 entrou em contato com o MEC para esclarecer as questões, mas não obteve uma resposta da pasta.

 

 

 

Metro1