Análise: IPCA-15 melhor, mas ano está perdido

Os resultados divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE mostram uma inflação relativamente baixa de 0,6%. Em outros tempos, consideraríamos esse número elevado. Mas dado que o começo do ano foi extremamente atípico por conta dos aumentos de energia, que elevaram a média do IPCA no primeiro trimestre para 1,26% ao mês, o número de maio parece de fato um grande refresco.

Ao longo do ano a tendência será de inflação mais acomodada em números abaixo de 0,6%, em média. A tendência é que a média de maio até dezembro fique em 0,43% ao mês, praticamente o mesmo resultado médio do mesmo período do ano passado. Se isso se concretizar, teremos um acumulado no ano de 8,2%. Ou seja, conviveremos com esse número acumulado durante todo o ano por conta da pressão que se viu no início de 2015.

A boa notícia, entretanto, não traz alívio para a política monetária. Pelo contrário, o Banco Central deverá estar atento ao longo do ano inteiro para que uma inflação sistematicamente acima de 8% não contamine os dados de 2016. O banco tem sinalizado que está atento a isso, como se viu nesta semana com as declarações de um dos diretores da instituição de que tudo será feito para trazer a inflação para 4,5% ano que vem. Para isso acontecer não bastarão três anos seguidos de crescimento baixo, nem uma política fiscal mais austera. Será necessária essencialmente uma política monetária mais restritiva, o que significa aumentos de juros adicionais nas próximas reuniões, provavelmente de 0,5% em junho e mais 0,25% na reunião seguinte, levando a Selic para 14%. Parece um exagero, especialmente depois de tantos anos acomodando uma inflação sempre próxima do teto da meta.

Com informações da Folha de São Paulo

ca.