Senadores do Brasil anunciam missão eleitoral em Caracas

Senadores brasileiros governistas anunciaram nesta quinta-feira (25), em visita à Venezuela, a formação de uma comitiva com colegas da oposição para uma missão conjunta de observação nas eleições parlamentares venezuelanas, em 6 de dezembro.

O anúncio ocorre uma semana após uma primeira delegação do Senado, formada por oito parlamentares liderados pelo opositor Aécio Neves (PSDB-MG), ser hostilizada e impedida de cumprir agenda em Caracas devido a um congestionamento criado por bloqueio policial.

Os opositores queriam tentar visitar na prisão o opositor Leopoldo López, detido há 16 meses sob acusação de instigar protestos.

A comitiva governista, acompanhada por um comboio de escolta mais imponente que o oferecido ao grupo opositor, circulou sem problema pelas ruas da capital, apesar do trânsito.

Em Brasília, senadores da oposição disseram que Caracas concedeu “tratamento vip” aos colegas governistas. Integrante da malsucedida missão opositora, José Agripino Maia (DEM-RN) disse que o grupo aliado foi recebidos com “tapete vermelho”.

MISSÃO

“Vamos unir esforços e vir à Venezuela com uma missão de apoio aos setores em ambos os lados que querem um país de paz”, disse Lindbergh Farias (PT-RJ), integrante da comitiva, que também inclui Telmário Mota (PDT-RR), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Roberto Requião (PMDB-PR). “E esta missão fará todo sentido no âmbito eleitoral”, disse Lindbergh, em referência ao pleito parlamentar.

O senador disse ter conversado a respeito com vários senadores que fizeram parte da missão opositora, entre eles Aécio, Aloysio Nunes (PSDB-SP) e Ronaldo Caiado (DEM-GO). Por meio de sua assessoria, Caiado disse não ter conhecimento da missão.

Os senadores governistas chegaram a Caracas na noite de quarta-feira (24) e emendaram encontros com setores favoráveis e contrários ao presidente Nicolás Maduro.

A programação começou com reunião com o Comitê de Vítimas das Guarimbas, como é conhecido o grupo, pró-Maduro, que reúne famílias de vítimas das manifestações opositoras de 2014.

As Vítimas das Guarimbas dizem que o maior responsável pelos apelos a protestar foi López, tido como radical. A mulher de López, Lilian Tintori, negou a culpa do marido em conversa com os senadores e acusou o governo de ter esmagado protestos legítimos contra a crise.

Os senadores também falaram com opositores moderados, como o ex-candidato à Presidência Henrique Capriles. Segundo a Folha apurou, Capriles pediu que o Brasil interceda caso o chavismo se recuse a reconhecer eventual derrota nas urnas.

Capriles também teria mencionado plano de ir ao Brasil em agosto para encontros com governo e oposição.

Ao fim do dia, os senadores foram recebidos pelo presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, que foi evasivo quando questionado sobre a possibilidade de libertar opositores.

Com informações da Folha de São Paulo