Na Bahia, 85% dos municípios jogam lixo em aterro irregular

Dos 111 municípios baianos analisados pelo Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana (Islu), 94 (85%) descartam de maneira irregular os resíduos sólidos coletados, recorrendo a lixões clandestinos e a aterros sem infraestrutura adequada.

Os dados do índice  levam em conta informações que os próprios municípios publicam no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), base de dados do Ministério das Cidades. Os indicadores foram divulgados pela empresa de consultoria PwC, que produziu o índice sob encomenda do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana de São Paulo (Selur).

Informações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e da Secretaria do Tesouro Nacional também são usadas para a composição do Islu, de acordo com a consultora técnica em sustentabilidade da PwC, Júlia Butzge. Ao todo, 1.700 municípios do país – os únicos que alimentaram o SNIS em 2014 – foram analisados.

A técnica de estatística usada para o estudo, segundo o diretor de soluções sustentáveis da PwC e coordenador do projeto, Carlos Rossin, foi “idêntica à que é utilizada para a composição do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)”.

Ele explica que questões como tamanho da cobertura de coleta de lixo, sustentabilidade financeira do serviço de limpeza, porcentagem de material destinado à reciclagem e modo de descarte dos resíduos foram considerados para que notas de 0,000 a 1,000 fossem dadas a cada cidade avaliada.

Melhor do Brasil

O melhor desempenho, no ranking nacional, foi de Nova Esperança, no Paraná, com nota 0,900. Salvador, com 0,683, é a cidade da Bahia melhor posicionada no ranking brasileiro, ocupando apenas a 452ª posição.

A classificação do município melhora, entretanto, quando são consideradas apenas as cidades com população acima de 250 mil habitantes. Neste cenário, a capital baiana ocupa o 33º posto nacional. De acordo com os pesquisadores, o pior desempenho da capital baiana é em reciclagem. Os dados apontam que Salvador recicla apenas 0,4% do total dos  resíduos sólidos  que coleta.

Este número, o mesmo da média nacional neste quesito, é baixo, entretanto, se comparado a outros locais, como o estado do Paraná, que tem índice de reciclagem de 0,8%.

No ranking  baiano, após  a capital, os melhores colocados são Lauro de Freitas (0,672), São Francisco do Conde (0,667), Feira de Santana (0,663) e Mata de São João (0,662) –  todos da Grande Salvador. Camaçari, segundo maior do PIB do estado, aparece na 11ª posição.

Piores da Bahia

Na outra extremidade do levantamento estão pequenas cidades, como Utinga (0,398), o pior desempenho baiano. Cordeiros (0,362), Olindina (0,372), Barra do Rocha (0,385) e Jussiape (0,397) completam a lista dos cinco serviços de limpeza mais decadentes do estado.

Os quesitos piores avaliados desses municípios, conta Carlos Rossin, são o descarte dos resíduos e a cobertura do serviço de coleta. Na Bahia, a cobertura da coleta é de 73%, contra 89% no Rio Grande do Sul, estado melhor posicionado nesta questão específica.