Investigações apontam participação de ex-prefeito e secretários em esquema de corrupção

    As investigações do Ministério Público Estadual e da Polícia Federal apontam desvio de recursos de mais de R$ 38 milhões dos cofres de Santo Amaro. A operação Adsumus, deflagrada na manhã desta quinta-feira (6), cumpriu oito mandados de busca e apreensão e sete de condução coercitiva nas cidades de Santo Amaro, Lauro de Freitas e Salvador. O núcleo político investigado na 5ª fase da operação é composto pelo ex-prefeito Ricardo Machado, o ex- secretário de Saúde, Marcelo Otero, Luís Pacheco Alves e o ex-vice-prefeito Leonardo Pacheco.

    De acordo com a delegada de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da Polícia Federal, Luciana Matutino, foram identificadas fraudes em recursos do Fundeb, Fundo Municipal de Saúde e de convênios com Ministério das Cidades. “Em determinado ponto da investigação conduzida pelo Ministério Público identificou que parte dos contratos firmados pelo município de Santo Amaro eram custeados com recursos federais decorrentes de programas, convênios e transferências fundo a fundo”, disse a delegada.

    Segundo as investigações, foram descobertos atos ilícitos através de três núcleos empresariais que recebiam recursos da prefeitura de Santo Amaro para realizar obras públicas, fornecer material de construção, alugar maquinário e realização de eventos. O empresário que não teve o nome divulgado e ligado ao ex-prefeito Ricardo Machado, é apontado como operador da propina que era repassada para secretários municipais.

    “Parte dos valores recebidos por essas empresas eram transferidos para o empresário que tem uma relação de amizade com o então prefeito, relação de negócios com o prefeito. Ele transferia parte dos valores para secretários do município, supostamente a mando do prefeito. Esse empresário funcionaria servia como operador do pagamento de propina, transferindo esses valores”, reiterou.

    As investigações ainda identificaram o pagamento de altos valores a empresas do ramo de entretenimento, mediante contratação sem licitação, cujos sócios eram os próprios secretários municipais. Na ação, foi identificado também que o ex-secretário de Saúde, Marcelo Otero é um dos sócios das empresas investigadas pelo MPE e PF. “Identificou-ser também que empresas de eventos eram utilizadas para fraudes. Essas empresas pertenciam a secretários municipais em exercício do cargo. Empresas eram contratadas com altos valores, uma delas recebeu mais de R$ 3 milhões para realizar eventos no município. A empresa tem no seu quadro como sócio o então secretário de Saúde do município”, afirmou a delegada.

    Os advogados de Ricardo Machado e de Marcelo Otero informaram que eles devem se apresentar voluntariamente a PF nesta sexta-feira (6). A ação determinou o bloqueio judicial de mais de R$ 38 milhões em valores, imóveis e veículos, para ressarcir a União pelos desvios.