Volta às aulas: ensino privado tem primeiro dia de acolhimento

Reprodução: Correio

Lavar as mãos, usar álcool em gel, higienizar os sapatos e medir a temperatura ainda no portão de entrada. Esse foi o novo protocolo adotado nas escolas particulares de Salvador desde essa segunda-feira, 03, primeiro dia de retorno às aulas presenciais. Segundo o Sindicado dos Professores do Estado da Bahia (Sinpro-BA), 60% das unidades privadas de ensino decidiram não voltar no primeiro dia. O dado é contestado por representantes do Grupo de Valorização da Educação (GVE) que afirmou que 44 escolas particulares reabriram seguindo as normas sanitárias. Entre as instituições onde ocorreu a retomada, o primeiro dia foi apenas de acolhimento, sem conteúdo acadêmico, como nos casos do Colégio Oficina, Colégio Integral, Escola Tempo de Crescer, Escola Lápis de Cor e Escola Colmeia.

Em nota, o GVE, que representa mais de 60 escolas em Salvador e na Região Metropolitana, reafirmou que “a volta às aulas é um processo já iniciado em cada escola, dentro de suas características e dos entendimentos com as famílias e a comunidade escolar”. Ainda segundo a entidade, a ideia é que até a próxima semana todas as escolas do grupo estejam reabertas.

Nesta segunda-feira, 03, ao menos 15 escolas privadas de Salvador não retomaram as aulas presenciais e optaram por manter o ensino na modalidade virtual. Uma das escolas que constava na lista daquelas que retornaram, o Colégio Anglo Brasileiro, no começo da noite postou em seu site um aviso aos pais dizendo que voltariam a fechar a partir desta quarta-feira, 04. A escola citou o Decreto Estadual 20.441/2021, de 18 de abril, para retornar ao ensino remoto. Não foi informado quando a escola será reaberta. Em um dos perfis da unidade no Instagram (@anglo.brasileiro) não foi postada mensagem sobre a suspensão das aulas, mas muitos familiares de estudantes questionaram a decisão.

Entre os colégios que retomaram as aulas presenciais está Antônio Vieira, onde estuda Eduarda Maia, 13 anos, que não perdeu a chance de rever professores e colegas. “Hoje eu acordei antes do horário, já disposta e animada. Estava muito ansiosa para o retorno, quase não dormi direito. É uma sensação muito boa de que a vida está voltando ao normal”, disse a adolescente.

Eduarda garante que os professores e demais funcionários passaram todas as orientações e os alunos aprenderam direitinho. “Estava todo mundo de máscara e foram só sete alunos na minha turma que tinham seus lugares demarcados e afastados. Também tivemos que levar a garrafa de água de casa e tinha controle da entrada nos banheiros. As janelas ficaram abertas e o ar-condicionado ficou desligado. Além disso, os funcionários estavam sempre de olho, fiscalizando para caso alguém desobedecer”, contou a estudante.

Na hora do recreio, também foram impostas novas regras. Nada de sair da sala para que não haja contato entre turmas diferentes. Quanto ao lanche, a tecnologia ajudou no cumprimento dos protocolos. A cantina agora possui um sistema online através do qual o aluno pode realizar o seu pedido no dia anterior. Na hora do intervalo, um funcionário vai até a sala e entrega o lanche.“Na hora de comer, cada um ficou no seu canto, e, assim que terminou de comer, colocou a máscara de volta”, explicou.

“A escola superou as minhas expectativas, eu não imaginei que fossem tantos protocolos, tanto cuidado. Me senti acolhida e vi que a escola estava preparada e os funcionários estavam bem orientados, prontos para explicar tudo e tirar todas as dúvidas sobre as novas medidas. E agora é como se tudo fosse novo. Foi uma grande adaptação para o ensino remoto e agora mais uma para o ensino híbrido”, completou Eduarda.

Segundo a assessoria do Colégio Antônio Vieira, uma pesquisa feita com os pais e responsáveis dos alunos revelou que 62% deles optaram pelo ensino híbrido. Os estudantes que não retornarem, podem permanecer assistindo todas as aulas de casa. Além disso, como a quantidade de alunos nas salas está reduzida, a maioria das turmas foi dividida em dois grupos que comparecem à escola em dias da semana alternados. Para isso, as aulas presenciais são transmitidas ao vivo para aqueles que ficarem em casa. Foram instaladas câmeras e os professores estão dando aula com o auxílio de um microfone.

As irmãs gêmeas Cecília e Gabriela, de 8 anos, também são alunas do Vieira. Elas ficaram no grupo que irá para a escola nas segundas e quartas-feiras. A outra metade irá nas terças e quintas. Na sexta, será feito um revezamento quinzenal entre os dois grupos. A mãe, a dentista Fátima Dultra, de 41 anos, contou que as duas, assim como Eduarda, estavam bastante animadas com o retorno presencial.

“Eu fiquei muito contente que esse retorno finalmente aconteceu e as meninas estavam muito empolgadas. Elas acordaram 5h super felizes e já ficaram prontas rapidinho, de cabelo arrumado. Parecia que elas iam para a Disney e não para a escola. Elas adoraram, chegaram em casa contando tudo o que aconteceu”, revelou a dentista.

Fátima disse que se sentiu segura em levar as filhas ao colégio e que todos os protocolos foram cumpridos. “Não teve aglomeração na porta da escola nem nenhuma fila. Todas as crianças estavam de máscara e já sabiam de todas as orientações. As meninas contaram que os colegas ficaram distantes uns dos outros, mas que, mesmo assim, deu para matar a saudade e foi ótimo”, relatou.

Entre os pequenos, também houve o cumprimento dos protocolos. Raul, de 2 anos, estuda na Escola Pantheon e sua mãe, a funcionária pública Luciana Venezian, de 42 anos, conta que, mesmo com a pouca idade, ele não teve dificuldade de aprender os novos procedimentos. “Ele adorou esse primeiro dia e me surpreendeu. Eu achei que ele ia estranhar ou chorar no portão. Mas ele entrou e já foi logo estendendo o bracinho para medir a temperatura, passou álcool em gel na mão e, quando eu vi, já estava lá dentro da escola e nem olhou para trás”.

Luciana diz que a turma de Raul só tem cerca de cinco alunos e que está contente com o retorno dele à sala de aula. “Eu acho que estava mais ansiosa do que ele. Ele tinha sido matriculado no ano passado para o primeiro ano na escola. Mas a matrícula foi em fevereiro e, logo em março, veio a suspensão das aulas. Ele tem um atraso na fala, então nesses casos é recomendável o contato com outras crianças para ter o estímulo e, durante a pandemia, esse contato está muito restrito, até o parquinho do prédio teve restrição de uso”, relatou a funcionária pública.

A jornalista Aline Caravina, de 33 anos, mãe de Alice, de 6, que estuda na Escola Dorilândia, assim como Luciana, estava ansiosa pelo retorno e acredita que essa é a melhor opção. “Foi emocionante para ela e para mim. Foi um longo período sem aula, então esse retorno hoje foi o grande evento do ano. Ela está agora no ano de alfabetização, então é um ano crucial. As aulas online são um desafio muito grande, fazer uma criança de 6 anos ficar quatro horas por dia sentada na frente do computador é uma guerra”.

Aline diz que a escola teve semana de acolhimento e muitas reuniões virtuais com os pais e responsáveis para explicar os protocolos. Na hora do retorno, tudo estava preparado. “Foram instaladas pias pela escola para a lavagem das mãos com mais frequência e as turmas têm horários diferentes de intervalo. Além disso, todo mundo tem que estar de máscara o tempo todo e pediram para que a criança levasse duas extras em um porta-máscara separando máscara limpa e máscara suja porque eles iriam orientar essa troca”, acrescentou.

No Colégio Villa Global Education, a CEO Viviane Brito informou que na unidade Paralela, 80% dos alunos optaram pelo ensino híbrido e a escola se mostrou preparada para recebê-los. “Nós estávamos prontos desde julho de 2020 e por isso foi possível retornar essa semana com mais conforto. Preparamos os funcionários e depois os pais dos alunos, com orientações no nosso site e o e-book que elaboramos. Na semana de acolhimento, os alunos compartilharam suas experiências e visitaram todo o prédio da escola para conhecer e aprender os novos protocolos e as mudanças no espaço”, explicou.

Nesta semana, quem retorna são os alunos do 3º do Ensino Médio e da Educação Infantil. Na próxima semana, é a vez dos estudantes do Ensino Fundamental e das demais séries do Ensino Médio. Entre os novos protocolos, estão adesivos e cartazes espalhados pela escola dando orientações, separação da enfermaria para casos de suspeita de covid-19 e equipes de segurança e saúde fiscalizando o cumprimento das medidas. “Para esse retorno, todos os funcionários e alunos tiveram que preencher uma pesquisa de saúde bastante completa. Além disso, temos uma pesquisa que deve ser respondida diariamente para acompanhamento da saúde de todos eles”, completa a CEO.

Colégios que voltaram nesta segunda (3):
Centro Educacional Maria José (Cemj)
Marista
Oficina
Escola e Creche Kurimi
Escola Cresça e Apareça
Escola Natureza
Colégio Miró
Escola Recanto de Viver
Escola Brincando e Construindo
Escola Kimimo
Escola Nova Nossa Infância
Escola Infância no Jardim
Escola Tempo de Criança
Acbeu Maple Bear
Gira Giroua
Escola Casa da Infância
Colégio Ana Tereza
Escola Ludic
Tempo de Crescer
Gurilândia
Land School
Instituto Mundo Encantado
Panamericana
Vieira
Clubinho das Letras
Módulo Criarte
Girassol
Colina dos Sonhos
Pernalonga
Saint Helena Bilingual Education
Sartre
Marista
Concept
Villa Encantada
Pantheon
Pindorama Vila Mirim
Casa Bambini
Vila Alecrim
Colmeia
Anchieta
Colégio Maria Helena
Pingo de Gente
Colégio Leiffer

Colégios que não voltaram nesta segunda (3):
Colégio Nossa Senhora do Resgate – sem previsão
Escola Nova Era – após o São João
Colégio Cevilha – após o São João
Colégio Adventista de Salvador – sem previsão, provavelmente no próximo semestre
Sacramentinas – sem previsão
Salesiano – retorno a partir do dia 10
Vitória Régia – retorno dia 17
Colégio Lince – sem previsão
Colégio São José – sem previsão
Escola Lua Nova – sem previsão
Colégio Dom Bosco – sem previsão
Escola Pirlilim – retorno dia 10
Colégio Logo – retorno dia 10
Escola Gênesis – retorno dia 10
Educandário Pedacinho do Céu – retorno dia 10
Colégio Anglo Brasileiro – sem previsão