Angelo Coronel promete processar desembargadora após ser citado em delação premiada: “verdadeira falácia”

O senador Angelo Coronel (PSD) prometeu uma reação jurídica contra a desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia TJ-BA), Sandra Inês, por ter sido citado na delação premiada que ela fechou com o Ministério Público Federal no âmbito da operação Faroeste. Na peça, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), a magistrada diz que Coronel teria pago R$ 50 mil para que ela beneficiasse a empresa alimentícia do filho dele, a Sabore e Cia.

“Já acionei meus advogados, vamos ajuizar contra a delatora para que ela apresente provas que citou na peça delatória”, declarou ao BNews na noite desta quinta-feira (14).

Segunda a delação, o valor teria sido dado como propina ao advogado Júlio César Cavalcanti Ferreira, ex-assessor do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), para que a magistrada declarasse incompetente e reconhecesse a prevenção do desembargador Baltazar Miranda para o caso, sendo que ele já teria um acordo com Coronel para uma decisão favorável à empresa do seu filho.

“É uma verdadeira falácia. Ela mente na delação. Em nenhum momento estive com aquele advogado. A decisão que argumentam ter sido comprada foi desfavorável à empresa da minha nora”, afirma Coronel.

“Vou interpelar, vou processar ela paralelamente para que ela apresente as provas. Delatar dizendo que ouvir dizer?”, argumenta o senador, ao emendar que a delação da desembargadora “é aquele famoso do abraço de afogado, que quer levar alguém junto consigo”.

Angelo Coronel também contrapôs a versão coloca no acordo de delação de que ele teria atuado em um acordo que rendeu R$ 600 milhões à organização criminosa, por meio do qual produtores rurais do oeste baiano foram coagidos e perderam a posse de suas terras de forma ilegal, favorecendo os fazendeiros ligados ao grupo. O senador também teria recebido de presente uma aeronave por ter colaborado com o esquema.

“Não recebi nenhuma benesse de nenhuma das partes naquele acordo. Fui procurado pela Aiba, pela Aprochama, fui instado por eles para pacificar o Oeste à época. Foi tudo publicizado, no Diário Oficial, tudo certinho”, disse, em referência ao período em que era presidente da Assembleia Legislativa da Bahia.

“Faria tudo novamente, sem nenhum problema. Se alguém está com alguma ilação, que prove. Estou com a consciência tranquila. A única coisa que ganhei lá foram votos”, concluiu.

A desembargadora Sandra Inês e seu filho Vasco Resciolelli foram presos temporariamente em março de 2019, na quinta fase da Operação Faroeste, que apura esquema criminoso de venda de sentenças por membros da Corte baiana, além dos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de ativos, evasão de divisas, organização criminosa e tráfico influência.