Preço de passagem aérea dispara com oferta reduzida

O preço das passagens aéreas no Brasil enfrenta o que poderia ser caracterizado por uma “tempestade perfeita”: com o avanço da vacinação contra a Covid-19, mais gente se sente à vontade para viajar, especialmente para as festas de fim de ano. O problema é que, justamente neste momento, com dólar beirando os R$ 5,50, disparam os custos fixos das companhias aéreas, com destaque para o combustível de aviação, que está no seu nível mais alto nos últimos seis anos.

Ao mesmo tempo, depois de acumular tantos prejuízos com a pandemia, as aéreas querem aproveitar o fim de ano para aumentar suas margens e vêm controlando a oferta. Conclusão: os preços das passagens dispararam.
No acumulado de 12 meses encerrados em setembro, as passagens aéreas tiveram alta de 56,81%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O indicador supera o índice geral da inflação acumulada no período, que ficou em 10,25%, o maior desde fevereiro de 2016.

De acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), só no segundo trimestre de 2021, houve alta de 21,7% na tarifa aérea doméstica na comparação anual. Segundo a agência, os preços da Latam subiram 21,3%, os da Azul avançaram 18,6%, e os da Gol, 15% em relação ao mesmo período do ano passado -quando o preço das passagens caiu por conta da pandemia.

“É a lei da oferta e da procura: quanto mais próximo do fim do ano, as companhias retêm a oferta, porque querem viajar com voos lotados, enquanto aumenta a procura pelas passagens”, diz Alan Gandelman, presidente da corretora Planner.

Existe também uma grande expectativa de retomada dos voos internacionais, especialmente para os Estados Unidos, que a partir de 8 de novembro vão voltar a receber turistas brasileiros com a imunização completa.
Gandelman acredita que, passado o período de férias, a tendência é que as passagens aéreas se acomodem em um patamar mais baixo. “Haverá uma queda no consumo das viagens corporativas, enquanto as viagens de lazer serão cada vez mais planejadas”, diz ele, que também acredita em uma maior demanda do turismo doméstico, por conta do aumento do dólar.

Fábio Falkeburger, sócio da área de infraestrutura do Machado Meyer Advogados, concorda. “As pessoas estão doidas para voltar a viajar, mas o perfil do viajante aéreo brasileiro está mudando: cada vez mais lazer e menos negócios”, afirma.