STF tem 33% de reprovação e 23% de aprovação, mostra Datafolha

Sob constante ataque do presidente Jair Bolsonaro (PL), o STF (Supremo Tribunal Federal) manteve a mesma taxa de aprovação que tinha em dezembro do ano passado, aponta pesquisa Datafolha feita nos dias 27 e 28 de julho.

Já a rejeição oscilou um ponto para baixo, dentro da margem de erro. A maioria das pessoas considera o trabalho do Supremo como regular.

Para 23% dos entrevistados, o STF tem realizado um trabalho bom ou ótimo, contra 33% que avaliam como ruim ou péssimo. Entre os dias 13 e 16 de dezembro de 2021, os índices eram de 23% para bom ou ótimo e 34% para ruim ou péssimo.

A pesquisa Datafolha ouviu 2.556 pessoas em 183 municípios de todo o Brasil e tem índice de confiança de 95%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Os que consideram o trabalho do Supremo como regular são 38%, uma oscilação de um ponto para cima em relação à pesquisa de dezembro. Há ainda 5% dos entrevistados que não souberam avaliar o desempenho do STF.

A avaliação sem grandes variações ocorre apesar de Bolsonaro mobilizar, desde o ano passado, apoiadores contra os ministros do tribunal.

No último dia 24, ao se lançar como candidato, ele reiterou os ataques aos ministros e disse que “esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo”.

Bolsonaro afirmou que, sob seu governo, o povo tomou conhecimento sobre o que era o Supremo Tribunal Federal. Em seguida, abaixou o microfone e deixou que o público entoasse vaias e as palavras de ordem “Supremo é o povo”.

O presidente tem criticado o STF por ser alvo de inquéritos que tramitam sob a responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, integrante da corte e futuro presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Moraes tem determinado medidas rígidas contra apoiadores do presidente que disseminam notícias falsas e atacam os ministros e as instituições, a exemplo de um homem preso no último dia 22 em Belo Horizonte. Ele dizia que iria “caçar” integrantes do Supremo e também políticos de esquerda.

Neste ano, o Supremo também condenou, por 10 votos a 1, o deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ) por ataques feitos contra integrantes da corte. No dia seguinte, o presidente concedeu um indulto ao parlamentar.

Após as mobilizações do 7 de Setembro do ano passado, em que o presidente deu declarações golpistas e ameaçou descumprir decisões, o Datafolha apontou que a aprovação da corte era de 25% e a reprovação de 35%.

Em dezembro de 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro, a corte apresentou índice de aprovação de 19%. A rejeição medida à época foi de 39%.

No ano seguinte, já na pandemia da Covid-19, o Supremo atingiu resultados melhores nos levantamentos do instituto. Em maio de 2020, chegou a 30% de avaliação do trabalho como bom e ótimo e 26% como ruim ou péssimo.

À época, o tribunal havia decidido por unanimidade que estados e municípios têm autonomia para determinar o isolamento social em meio à pandemia.

A maioria permitiu ainda que os entes da federação decidissem quais eram os serviços essenciais que podiam funcionar durante a crise.

Na primeira sessão do plenário da corte por videoconferência, os magistrados mandaram diversos recados ao Palácio do Planalto e cobraram cooperação entre os entes da federação no combate à crise da Covid-19.

O ministro Gilmar Mendes chegou a afirmar que o presidente Jair Bolsonaro não dispunha “do poder para eventualmente exercer uma política pública de caráter genocida”.

 

José Marques/Folhapress