MPF diz que alvo da 36ª fase atuou em setor de propina da Odebrecht

Dois alvos da 36ª fase da Lava Jato, deflagrada na manhã desta quinta-feira (10), lavaram mais de R$ 50 milhões para diversas empreiteiras investigadas na operação, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF). Entre elas, a Mendes Junior, a UTC e a Odebrecht.

Entre os investigados nesta fase, está o advogado Rodrigo Tacla Duran. Segundo o MPF, ele é suspeito de ter trabalhado por anos no setor de propinas da Odebrecht e de ter operado pelo menos 12 contas no exterior. O outro alvo é o empresário Adir Assad.

As informações foram reveladas durante coletiva de imprensa sobre a nova fase, realizada na manhã desta quinta-feira (10) na Superintendência Regional da Policia Federal no Paraná, em Curitiba.

Para os investigadores, depois de informações colhidas com delatores e com a quebra dos sigilos báncário e fiscal de Duran e Assad, ficou claro que a dupla participou ativa e continuamente do esquema criminoso envolvendo a Petrobras.

Ainda conforme os investigadores, os operadores usaram contas bancárias no exterior, empresas de fachada e contratos falsos para desviar e lavar dinheiro.

Na coleta de imprensa, os investigadores ainda afirmaram que as empreiteiras usaram empresas de Rodrigo Duran no exterior para gerar recursos e pagar propina no Brasil.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), só a UTC e a Mendes Junior repassaram mais de R$ 34 milhões ao operador entre 2011 e 2013.

Os valores relacionados a Odebrecht ainda não foram totalmente apurados.

“Esses valores não têm justificativa real em prestação de serviços. A participação da Odebrecht, nesse momento, se refere à participação desses operadores na lavagem de dinheiro também para o setor de operações estruturadas”, afirmou o procurador Rodrigo Pozzobon

Duran e Assad são alvos de mandados de prisão preventiva – quando não há prazo determinado para sair. Duran ainda não foi preso porque está no exterior desde abril. Já Assad já estava preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

O advogado de Adir Assad, Miguel Pereira Neto, disse que vai se pronunciar sobre o caso mais tarde.

“Nós estamos na fase de ciência do caso, de tomar conhecimento. Foi mandado não só de prisão, mas também de busca e apreensão. Então, na verdade, nós teremos condições de nos manifestar de maneira mais eficaz quando tomarmos conhecimento pleno do processo”, disse.

O G1 tenta contato com a defesa de Rodrigo Tacla e dos demais envolvidos.

Operação Dragão
A 36ª fase da Operação Lava Jato cumpriu 18 mandados judiciais, sendo 16 de busca e apreensão e dois de prisão preventiva, em cidades do Paraná, de São Paulo e do Ceará.

A ação foi batizada de Dragão, em referência aos registros na contabilidade de um dos investigados.

Ele chamava de “operação dragão” os negócios fechados com parte do grupo criminoso para disponibilizar recursos ilegais no Brasil a partir de pagamentos realizados no exterior, segundo a Polícia Federal.

Na prática, com o novo mandado de prisão preventiva, Adir Assad terá mais dificuldades para ficar em liberdade. Como há outras novas acusações sobre ele, é menor a chance de a Justiça lhe conceder um habeas corpus, por exemplo.

Adir Assad foi condenado na Lava Jato a 9 anos e 10 meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ele foi preso pela primeira vez na operação em março de 2015, na 10ª fase.

No entanto, em dezembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu prisão domiciliar a ele. Posteriormente, no dia 19 de agosto deste ano, o juiz Sérgio Moro determinou que Adir Assad voltasse à prisão.

 

Foto: Arquivo