Manuel Merino renuncia à Presidência do Peru

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O presidente do Peru, Manuel Merino, anunciou sua renúncia neste domingo (15), cinco dias após tomar posse, o que levou a comemorações nas ruas peruanas após jornadas de protestos em massa duramente reprimidos pela polícia, nas quais houve dois mortos e uma centena de feridos.
“Quero tornar público para todo país que apresento minha renúncia”, declarou Merino em uma mensagem ao país transmitida pela televisão, o que deflagrou uma celebração imediata nas ruas de Lima, um dia depois da violenta repressão a manifestações, com saldo de dois mortos e mais de 100 feridos.

Merino tinha substituído na terça-feira o popular presidente Martín Vizcarra, um dia depois que ele foi destituído pelo Congresso por suposto caso de corrupção. O Congresso deve agora nomear um novo presidente, que consiga pacificar o país.O escolhido será o terceiro presidente em menos de uma semana, em um país duramente atingido pela pandemia do coronavírus e pela recessão econômica, que mergulhou em uma crise política quando o Parlamento removeu o presidente popular Martín Vizcarra em um julgamento a jato na segunda-feira.

Merino, um centro-direitista de 59 anos, disse que para que não haja “vazio de poder”, os 18 ministros escolhidos por ele na quinta-feira serão mantidos em seus cargos, ainda que praticamente todos tenham renunciado após a repressão aos manifestantes no sábado.Merino, um político provinciano quase desconhecido dos peruanos até assumir o cargo, foi criticado por figuras de seu próprio partido – o Ação Popular, de centro-direita – como o prefeito de Lima, Jorge Muñoz.

Os mortos nas manifestações de sábado foram identificados como Jack Bryan Pintado Sánchez, de 22 anos, e Inti Sotelo Camargo, de 24 anos, segundo a polícia. Fotos de ambos circulam nas redes sociais com a legenda “Heróis do Bicentenário” (que o Peru completará em 28 de julho de 2021).

Críticas internacionais
A ação policial tem sido duramente criticada pela ONU e por organizações de direitos humanos, como a Anistia Internacional, desde que os protestos começaram na terça-feira, dia em que Merino tomou posse.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CICH), entidade da Organização dos Estados Americanos, lamentou a morte dos dois manifestantes “durante ações de repressão estatal a protestos em massa” e exigiu “uma investigação imediata dos fatos e estabelecimento de responsabilidades”.”Não tenho responsabilidade pela violência”, declarou o número dois do governo, o primeiro-ministro Ántero Flores-Aráoz, neste domingo.

Fonte:Correio Braziliense