Ontem (7) foi comemorado o “Dia Internacional contra a endometriose”, doença silenciosa caracterizada pelo crescimento anormal do tecido endometrial fora do útero. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) afeta cerca de 176 milhões de mulheres no mundo, sendo mais de sete milhões apenas no Brasil. Nesta quarta-feira (8) a ginecologista Jaqueline Neves falou sobre o assunto no quadro “Momento do Especialista” do programa “Fala Comigo”. De acordo com o Movimento Brasileiro de Conscientização da Endometriose (MovEndo), aproximadamente 60% das mulheres inférteis na Bahia são portadoras da doença.

O tecido endometrial pode se desenvolver em órgãos como os ovários, trompas de Falópio e até mesmo em áreas distantes, como o intestino ou a bexiga. A endometriose afeta de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva. Um dos sintomas mais comuns dessa condição é a dor intensa durante a menstruação, conhecida como dismenorreia, que pode se tornar incapacitante para algumas pacientes.

Segundo a Associação Brasileira de Endometriose, mais de 30% dos casos dessa condição levam à infertilidade. Com os tratamentos disponíveis, no entanto, é possível que uma mulher diagnosticada com endometriose engravide e leve a gestação até o final.

Além da dor menstrual, as mulheres com endometriose frequentemente experimentam dor durante a relação sexual, chamada dispareunia. Isso ocorre devido à presença do tecido endometrial em locais não naturais, o que pode causar irritação e inflamação durante o contato íntimo. Essa dor pode afetar significativamente a qualidade de vida das pacientes e até mesmo interferir em suas relações interpessoais, explicou a médica.

Outro sintoma comum da endometriose é o sangramento irregular, que pode ocorrer tanto durante o ciclo menstrual quanto fora dele. Esse sangramento pode ser leve ou intenso e, em alguns casos, pode levar a complicações como anemia devido à perda de sangue frequente e excessiva. “É importante ressaltar que, embora esses sintomas sejam comuns em muitas mulheres, nem todas as pacientes com endometriose apresentam todos eles, e a gravidade dos sintomas pode variar de uma pessoa para outra”, destacou Neves.

O diagnóstico da endometriose pode ser desafiador, pois seus sintomas podem ser confundidos com outras condições ginecológicas. Geralmente, é feito por meio de exames clínicos, como exame físico, história clínica menstrual da paciente, ultrassonografia, ressonância magnética e, em alguns casos, técnicas cirúrgicas para visualizar diretamente o tecido endometrial fora do útero. O tratamento varia de acordo com a gravidade dos sintomas e pode incluir medicamentos para aliviar a dor, reeducação alimentar anti-inflamatória, terapias hormonais para controlar o crescimento do tecido endometrial e, em casos mais graves, cirurgia para remover o tecido afetado.

Embora a endometriose seja uma condição crônica e sem cura definitiva, muitas mulheres encontram alívio dos sintomas com o tratamento adequado e o acompanhamento médico regular. “A conscientização sobre essa condição é fundamental para garantir que as mulheres obtenham o apoio necessário para lidar melhor com a sua saúde ginecológica. Para isso, é essencial que elas estejam atentas aos sintomas e busquem orientação médica se notarem qualquer irregularidade em sua saúde menstrual ou experimentarem dor crônica”, esclareceu a especialista.