Hospital realiza procedimento inédito pelo SUS em tratamento de pacientes com câncer na Bahia

A equipe do serviço de Radiologia Intervencionista do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador, realizou um procedimento chamado ablação por micro-ondas, voltado ao tratamento de duas pacientes oncológicas. Essa é a primeira vez que a técnica, considerada minimamente invasiva, é realizada através do Sistema Único de Saúde (SUS) na Bahia.

O procedimento aconteceu na sexta-feira (25). A ablação por micro-ondas é indicada para alguns tipos de câncer primários ou secundários.

Segundo o Governo da Bahia, a técnica é considerada uma excelente opção para o tratamento de lesões de uma forma menos invasiva e mais rápida, sem a necessidade de incisões ou cortes na pele, com tempo de recuperação curto e preservação da função dos órgãos nos quais o tumor está alojado.

De acordo com os coordenadores do serviço, os radiologistas intervencionistas Gustavo Domingues e Humberto Álvaro, a realização do procedimento foi possível por se tratarem de lesões primárias de tamanho reduzido.

As pacientes beneficiadas foram duas mulheres idosas, uma delas com neoplasia primária de rim e outra com hepatocarcinoma, um tumor primário no fígado.

“A ablação por micro-ondas é uma técnica minimamente invasiva que utiliza temperatura para o tratamento de lesões neoplásicas. Nos casos em questão, utilizamos calor para tratar lesões primárias, uma renal e uma hepática. A limitação da técnica se dá pelo tamanho das lesões, com melhores resultados em lesões inferiores a 5 cm, sendo que o tamanho varia de acordo com o órgão e patologia em questão”, explicou Domingues.

Hospital em Salvador realiza procedimento inédito pelo SUS na Bahia em duas pacientes com câncer — Foto: Ascom HGRS

Hospital em Salvador realiza procedimento inédito pelo SUS na Bahia em duas pacientes com câncer — Foto: Ascom HGRS

 

A ablação por micro-ondas ainda não tem regulamentação no SUS. Realizadas com apoio do Grupo Medicicor, com tecnologia Amica, as cirurgias ocorreram como previsto e as pacientes tiveram alta na manhã de sábado (27).

A cirurgia consiste em inserir uma antena – que se assemelha a uma agulha – no órgão afetado, até a ponta encontrar o tumor. Para localizá-lo, são usadas imagens de ultrassom e/ou de tomografia, sem cortes. Dessa forma, uma das vantagens da ablação é a possibilidade de alta no mesmo dia ou no dia seguinte ao procedimento.

“Em relação aos outros métodos de ablação, a ablação por micro-ondas confere uma zona de tratamento muito mais previsível do que a realizada com radiofrequência e, ainda, em um tempo muito menor. Em alguns casos, a gente consegue matar um tumor em ciclos de cerca de quatro minutos. E o procedimento pode ser repetido quantas vezes forem necessárias”, ressaltou o radiologista intervencionista Maurício Amoedo, da equipe do HGRS.

Novos tipos de cânceres

 

Tumor maligno mais comum no Brasil é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos) — Foto: GETTY IMAGES/via BBC

Tumor maligno mais comum no Brasil é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos) — Foto: GETTY IMAGES/via BBC

O Brasil deve registrar 704 mil casos novos de câncer para cada ano entre 2023 e 2025, um aumento de quase 13% em relação às estimativas do triênio anterior (2020-2022), que apontavam 625 mil casos novos a cada ano.

Os dados são da publicação Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, lançada pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer) na quinta-feira (23).

As regiões Sul e Sudeste, de acordo com o documento, concentrarão cerca de 70% da incidência dos novos casos.

A explicação para isso, está, em parte, pela concentração de cidadãos nessas regiões, que abrigam 57% da população de todo o país.

Outro motivo, explica o especialista, está relacionado à expectativa de vida — como há mais pessoas idosas nessas regiões, há, também, mais casos de câncer.

Os cânceres que mais acometerão os brasileiros

 

Ao todo foram estimadas as ocorrências para 21 tipos de câncer mais incidentes no país.

O tumor maligno mais comum no Brasil é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).

Em menores índices, mas também importantes para a criação e manutenção de políticas públicas de diagnóstico e tratamento precoce, estão listados no documento o câncer da glândula tireoide, câncer da cavidade oral, linfoma não Hodgkin (LNH), leucemias, câncer do sistema nervoso central, de bexiga, de esôfago, de pele melanoma, do corpo de útero e ovário, de laringe, linfoma de Hodgkin — e duas novas adições à lista em relação ao último triênio, o câncer de pâncreas e câncer de fígado.

Fonte: G1