Ministro pode precisar de 2ª sabatina no Senado para trabalhar até 75 anos

Os ministros de tribunais superiores poderão ter que passar por uma nova sabatina no Senado caso queiram permanecer no serviço público até os 75 anos. O Congresso promulgou nesta quinta (7) a “PEC da Bengala”, emenda constitucional que estende de 70 para 75 anos a idade da aposentadoria compulsória dos ministros do Judiciário. No texto da emenda está prevista a criação de uma lei para regulamentar detalhes da mudança na idade dos ministros.

E essa lei para regulamentar os efeitos da emenda deve respeitar o artigo da Constituição que determina ao Senado sabatinar e aprovar os nomes dos ministros dos tribunais superiores. Ou seja, a prorrogação da aposentadoria de 70 para 75 fica condicionada a uma nova sabatina no Congresso. “Isso é de uma extravagância ímpar. Quem vai se submeter a uma nova sabatina? É para se submeter a uma junta médica? Algo inacreditável. Quem se submeter a isso está querendo ser humilhado? Eu não iria nem amarrado”, disse o ministro do STF Marco Aurélio Mello.

A  Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) soltou nota em que diz ser inconstitucional a previsão de uma nova sabatina. “Esse requisito torna o Poder Judiciário refém de interesses político-partidários. […] É uma tentativa de controle do Judiciário”, afirmou o presidente da AMB, João Ricardo Costa.

Para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a nova sabatina está prevista pela PEC, mas não foi feita por meio de uma articulação dos parlamentares. “A Constituição prevê sabatina e aprovação pelo Senado em voto secreto. Isso está no artigo mencionado na emenda. A regulamentação vai estabelecer essas regras.” O senador disse ainda que vai conversar com os presidentes dos tribunais superiores sobre a regulamentação da emenda constitucional.

A ressalva para que a lei regulamentando a emenda inclua a nova sabatina foi de autoria do ex-senador Aloizio Mercadante (PT-SP), atual ministro da Casa Civil. Na época em que o Senado aprovou a proposta de emenda constitucional, em 2005, Mercadante pediu que a sabatina fosse incluída. A extensão da permanência na função por mais cinco anos é facultativa, e não obrigatória, para os ministros dos tribunais superiores.

O Palácio do Planalto era contrário à mudança na idade para aposentadoria compulsória dos ministros porque a presidente Dilma Rousseff deverá deixar de indicar cinco ministros que vão completar 70 anos até 2018, enquanto a petista estiver no governo.

Com informações da Folha de São Paulo