Deputado e advogado batem boca em depoimento na CPI em Curitiba

O deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e um advogado ainda não identificado bateram boca durante o depoimento de Mário Góes, preso pela operação Lava Jato, à  Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, que realiza audiência nesta segunda-feira (11) em Curitiba. A confusão ocorreu quando Onyx fazia duras críticas a Góes e a advogada do depoente pediu ao presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), que ele garantisse a manutenção do “respeito” a Góes durante a audiência. Onyx reagiu negativamente à solicitação. “Advogada orienta cliente, mas não tem autoridade para interferir na nossa investigação”, afirmou Onyx.

“Pela ordem senhor presidente, o senhor [referindo-se a Onyx] respeite a classe dos advogados”, gritou um advogado na plateia causando certo tumulto. Imediatamente, Motta interferiu e restabeleceu a tranquilidade da reunião.

Por orientação de sua defesa, Góes ficou em silêncio no depoimento de hoje. Ele respondeu que permaneceria calado nove vezes após insistentes questionamentos dos deputados. Góes está preso desde fevereiro em Curitiba por suspeita de participação no esquema de corrupção.

O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco disse, em delação premiada, que Góes atuava em nome de várias empresas contratadas pela estatal. Em delação premiada, o engenheiro disse que se encontrava periodicamente com ele para receber propina, dinheiro em espécie, entregue em mochilas com valores que variavam entre R$ 300 mil e R$ 400 mil. Para o Ministério Público Federal, Góes teria recebido R$ 40 milhões de empresas sob suspeita.

Ainda segundo as investigações, documentos encontrados pela Polícia Federal na casa e no escritório do empresário oferecem novos indícios de que empreiteiras investigadas pela Lava Jato pagaram propina para fazer negócios com a estatal. Foram encontrados contratos entre as empresas de Góes Riomarine Oil e Gas Engenharia e Empreendimentos Ltda e diversas empreiteiras como a Andrade Gutierrez, Mendes Júnior,  OAS, Setal e UTC e consórcios por elas integrados. Para a Procuradoria, os contratos eram usados para viabilizar as propinas a Góes, que depois seriam repassadas a empregados e dirigentes da Petrobras.

Mais cedo, os integrantes da CPI ouviram o depoimento do doleiro Alberto Youssef. O doleiro afirmou que não foi procurado pelo ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para viabilizar R$ 2 milhões em doações à campanha presidencial de Dilma Roussef (PT) em 2010, como havia relatado o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, em delação premiada.

Com informações do UOL