Temer diz que cultura política brasileira se acostumou a situações de déficit

presidente Michel Temer, cerimônia, 3º Encontro Nacional de Chefes de Agências do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE

O presidente Michel Temer disse hoje (8) que a cultura política brasileira está acostumada a situações de déficit, e que isso precisa ser mudado, inclusive a ponto de a sociedade se incomodar quando o Estado gasta mais do que arrecada.

“Tivemos ano passado déficit de R$ 170 bilhões. Hoje temos um deficit de R$ 139 bilhões. Enfatizo o termo bilhões para condená-lo, porque nossos ouvidos, na cultura política nacional, se acostumaram a bilhões de déficit como se fosse a coisa mais natural do mundo”, disse o presidente durante a cerimônia de abertura do 3º Encontro Nacional de Chefes de Agências do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Temer lembrou que logo no início de seu governo, foi dada “plena transparência às contas públicas, sem malabarismos contábeis”. “Constatamos um déficit brutal a ser corrigido. Por isso fizemos uma emenda constitucional estabelecedora do teto para os gastos públicos. Nós fizemos por um período de 20 anos, revisável este teto somente após 10 anos”, disse ele.

“É como se na nossa casa tivéssemos bilhões em prejuízos e não nos incomodássemos. O Brasil é nossa casa e devemos nos incomodar. O combate ao déficit público é o que faz com que tenhamos tranquilidade absoluta. Agora, registro, não se combate déficit com um ou dois exercícios. É preciso muitos exercícios financeiros. Quem sabe em dez anos possamos fazer uma revisão em que só se gasta aquilo que se arrecada. Por isso que o prazo há de ser longo”, acrescentou.

Temer disse que o déficit fiscal dos estados prejudica a vida de muitos trabalhadores e citou, como exemplo, a foto de uma pensionista em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

“Uma das fotos mais dolorosas que vi foi a de uma senhora aposentada no Rio de Janeiro, segurando uma placa em frente à Assembleia Legislativa, dizendo que há três meses não recebia a pensão porque o Estado não tem como me pagar. Foi uma das fotos mais dolorosas que vi nos últimos tempos”, disse Temer.