“Garantia era Lula”, diz Mônica sobre pagamento de campanha

O ex-presidente Luiz Inácio da Silva era ‘a garantia’ da empresária Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, para receber, em 2012, pagamentos relativos à campanha de reeleição do então presidente Hugo Chávez, na Venezuela. A informação foi relatada por Mônica ao Ministério Público Federal em delação premiada. Ela contou que cobrou US$ 35 milhões pela campanha de Chávez, mas não recebeu o montante total. Segundo Mônica, a Odebrecht arcou com cerca de U$$ 7 milhões, a Andrade Gutierrez pagou U$$ 2 milhões, por meio de depósito na Suíça, na conta da Shellbill. Restou uma dívida de U$$ 15 milhões ‘nunca saldada’. O valor que cabia à Andrade, segundo a delatora, era um montante de US$ 4 milhões. “Pagou, dos 4 milhões, só pagou 2. Eu cobrei bastante os outros 2, mas não chegou a se resolver.” A campanha foi feita sem contrato, de acordo com a empresária. “A minha garantia era Lula, eu confiava muito em Lula, que ele ia resolver, a minha garantia assim de que, e o nosso próprio trabalho”, relatou.

Mônica Moura afirmou que cobrou os valores do então diretor-geral da Andrade na Venezuela, identificado como Claudio Luis. “O da Andrade deu muito mais trabalho para receber. Demorou, eu tive vários encontros com esse sr, rapaz, no Brasil também”, contou. “Ele vinha muito ao Brasil, então, às vezes, a gente se encontrava no prédio da Andrade lá em São Paulo, no escritório da Andrade Gutierrez, acho que é um prédio todo deles também que eles têm ali, para cobrar, porque o negócio não andava, os depósitos não chegavam. Ele ficava dizendo: ‘ah, temos dificuldade’. Tem uma época que eu me lembro que ele também queria fazer um contrato, o famoso contrato. Acabamos não fazendo um contrato. Eu sei que depois de algum tempo, demorou um pouco, demorou bastante, talvez foi depois da campanha já terminada, acho que foi, tenho tudo no extrato, ele pagou 2 milhões, pagou metade. Aqui entrou em parcelas de US$ 100 mil na minha conta.”

Mônica Moura relatou que procurou o diretor da empreiteira ‘várias vezes’, teve encontros, mas não recebeu o pagamento. A empresário contou que chegou a ameaçar por falta de pagamento. “Eu já cheguei a ameaçar: ‘gente, se vocês não me pagarem, vou ter que conversar no Brasil. Quem me chamou para cá foi o presidente Lula’. Ele não era presidente na época, mas eu sempre chamei Lula assim. ‘Eu vou ter que chamar, vou ter que conversar com ele, porque não dá.’ ‘Não, a gente vai resolver, é só uma questão burocrática, a gente tem muita dificuldade de fazer este tipo de transferência, mas vamos fazer um contrato’”, disse.