Odebrecht demitiu 100 mil em três anos

Com informações do Estadão

Desde que a Operação Lava Jato foi deflagrada em 2014, o império da Odebrecht não para de encolher. Quase 100 mil funcionários foram cortados, a receita recuou 13%, para R$ 90 bilhões (e só não foi maior por causa do efeito do dólar no faturamento externo) e a dívida líquida subiu R$ 13 bilhões, para R$ 75 bilhões. Nesse período, sete ativos foram vendidos, duas recuperações extrajudiciais foram iniciadas e uma reestruturação financeira foi concluída com os principais bancos do País.

O saldo da Lava Jato ainda inclui pagamento de mais de R$ 8 bilhões em multas pelo esquema de suborno criado para conseguir obras públicas no Brasil e no mundo. A conta deve ficar ainda mais salgada nos próximos meses, quando a companhia concluir os acordos que estão sendo negociados com os ministérios públicos de vários países onde o grupo está presente, como o Peru e Colômbia.Na mesma velocidade que os desembolsos crescem, a carteira de obras da construtora – que é o DNA do grupo – diminui. Em 2014, o estoque de trabalhos da empreiteira somava US$ 33,8 bilhões.

No fim do ano passado, esse montante, que representa o portfólio de contratos da companhia, já havia caído pela metade, para US$ 16,3 bilhões, sendo 72% desse valor referente a contratos internacionais. Em todo o ano de 2016, a construtora conquistou apenas três novos contratos: dois em Miami (EUA), de US$ 66 milhões e US$ 177 milhões, e outro na Argentina, de US$ 122 milhões. No Brasil não houve uma única obra contratada. O número é muito aquém da capacidade da empreiteira, que ainda ocupa liderança isolada em relação às concorrentes. Apesar da queda, o faturamento da empresa no ano passado foi de R$ 19 bilhões, ante R$ 2 bilhões da Andrade Gutierrez, R$ 1,8 bilhão da Camargo Corrêa e R$ 2 bilhões da Queiroz Galvão. O presidente da holding, Luciano Guidolin, avalia que a queda na carteira de projetos não é um desempenho atribuído apenas à Lava Jato, mas também aos percalços econômicos dos países onde a empresa está presente, como a queda do PIB no Brasil e a baixa do preço do petróleo, que afeta outros países da América Latina. Apesar dos prejuízos e da imagem arranhada, a expectativa da companhia é voltar a crescer em 2019.