Há 12 anos, Vitória e Santos decidiam no Barradão final inédita da Copa do Brasil

Há exatamente 12 anos, em 4 de agosto de 2010, o Vitória decidia em casa o que poderia vir a ser o maior título de sua história centenária: o da Copa do Brasil daquele ano. Após perder na semana anterior o primeiro jogo fora de casa para o Santos, seu adversário na disputa, pelo placar de 2 a 0, o rubro-negro baiano não havia se dado por vencido e partiu para cima dentro de casa.

Com uma campanha incontestável e um grande ataque – 25 gols marcados – o leão tinha pela frente nada mais, nada menos do que o Santos de Neymar e Paulo Henrique Ganso, consideradas à época duas das maiores promessas do futebol brasileiro, além de Robinho, ídolo do peixe e que estava de volta ao clube por empréstimo do inglês Manchester City.

Mesmo assim, o Vitória tinha méritos totais. Do seu lado, tinha o goleador Júnior “Diabo Loiro”, Ramon Menezes, o reizinho da Toca, Elkeson – uma de suas maiores revelações – além do goleiro colombiano Viáfara. Derrubou todo mundo que veio pela frente naquele ano: Corinthians-AL, Náutico, Goiás, Vasco e, por fim, o Atlético-GO nas semifinais, com direito a uma goleada por 4 a 0 diante de sua torcida no Barradão após perder o jogo de ida por 1 a 0 em Goiânia.

Do outro lado, o Santos, uma verdadeira máquina, passou por Naviraiense-MS – como direito a um placar histórico de 10 a 0 na Vila Belmiro – Remo, Guarani (goleando por 8 a 1 em casa), Atlético-MG e Grêmio.

Final e título inéditos

Assim como o Vitória, a equipe paulista, apesar de possuir vários títulos nacionais e internacionais importantes, ainda não havia conquistado a Copa do Brasil. De outro lado, o rubro-negro baiano buscava seu primeiro título nacional na categoria principal e chegava a uma grande final 17 anos após decidir o Campeonato Brasileiro com o Palmeiras, em 1993.

Uma semana antes, para a partida fora de casa, os torcedores fizeram uma grande festa ao acompanharem o embarque dos jogadores no Aeroporto de Salvador, com direito a carreata pelo trajeto.

Naquele dia 4 de agosto, como a ocasião claramente pedia, o Barradão ficou lotado – mais 30 mil pagantes foram ao santuário rubro-negro. A torcida também fez uma linda festa, com direito a mais uma edição do projeto Barradão em Chamas, onde diversos sinalizadores vermelhos eram acesos para recepcionar o time em campo. Atualmente, a prática não é mais possível, pois os artefatos foram proibidos dentro dos estádios brasileiros.

O Vitória entrou em campo precisando reverter a vantagem que o Santos conseguiu na partida de ida, quando venceu por 2 a 0. Tinha de volta Viáfara, “El Paredón”, considerado até hoje ídolo do clube, e que havia ficado de fora do primeiro jogo por ter tomado o terceiro cartão amarelo na goleada contra o Atlético-GO na semifinal em uma decisão errônea do árbitro Héber Roberto Lopes. O arqueiro colombiano, ao cobrar o pênalti que deu origem ao quarto gol, fez a famosa “paradinha” para enganar o goleiro adversário Márcio. A justificativa era a proibição da prática pela Fifa, mas que seria válida somente a partir de 1° de junho – a volta da semifinal ocorreu no dia 19 de maio.

Percalços resolvidos, era hora de partir para cima. Chovia bastante naquela noite, mas é claro que isso não era nenhuma desculpa. O leão começou o jogo bem, pressionando o adversário com chances claríssimas de gol, mas infelizmente desperdiçou todas elas. Uma, inclusive, não sai da cabeça do torcedor até hoje: uma bola limpa recebida pelo atacante Schwenck – em uma falha do zagueiro santista Durval – de cara com o goleiro Rafael, mas defendida por ele. Em seguida, Bida cruzou e o mesmo Schwenck cabeceou a bola para o gol, só que em posição de impedimento. Na sequência, Elkeson chutou rasteiro da entrada da área e a bola passou raspando a trave direita.

Com o festival de gols perdidos, o jogo poderia estar pelo menos 2 a 0. E como diz um velho ditado no futebol, quem não faz, toma. Aos 44 minutos do primeiro tempo, Bida cortou falta na área curzada por Neymar, mas em seguida, o craque fez um cruzamento certeiro para Edu Dracena, que subiu sozinho para cabecear e colocar a bola na rede.

Dessa forma, a situação se complicou. O Vitória precisava fazer quatro gols para se sagrar campeão da competição e começou a segunda etapa bem. Aos 12 minutos, após ajeitada de cabeça feita pelo Ramon Menezes, o zagueiro Wallace Reis, uma das revelações rubro-negras, matou no peito com muita qualidade e mandou para o gol. Era o empate.

Animado e empurrado pela torcida, o Leão foi para cima, mas ao mesmo tempo foi pressionado pelo Santos, que perdeu pelo menos duas chances claras de gol, salvas por Viáfara. Em seguida, foi a vez do Vitória assustar os paulistas com uma cabeçada de Renato na trave. Logo depois, após um grande passe de Neto Coruja, Júnior tocou com muita categoria na saída de Rafael e fez o Barradão tremer.

Esperançosa, a torcida seguiu apoiando, mas o resultado acabou não se alterando. O Santos conquistou seu primeiro título da Copa do Brasil, garantindo também uma vaga na Libertadores do ano seguinte – da qual, inclusive, se sagrou campeão. Apesar do título perdido, o rubro-negro baiano fez uma grande campanha e partida, batendo de frente com um adversário tecnicamente superior, sendo aplaudido pelos torcedores.

Embora tenha feito uma grande campanha na Copa do Brasil, o leão não fez o mesmo no Campeonato Brasileiro, onde no final do ano acabou sendo rebaixado para a Série B após um empate melancólico em 0 a 0 com o mesmo Atlético-GO que havia enfrentado na semifinal nacional.

VITÓRIA 2X1 SANTOS

ESCALAÇÕES:

Vitória: Viáfara, Nino Paraíba (Gabriel), Wallace, Anderson Martins e Egídio; Neto Coruja, Bida (Adailton) e Ramon (Renato); Elkeson, Júnior e Schwenck. Técnico: Ricardo Silva.

Santos: Rafael, Pará, Edu Dracena, Durval e Alex Sandro; Arouca, Wesley e Paulo Henrique Ganso; Neymar (Marcel), André (Marquinhos) e Robinho (Rodriguinho). Técnico: Dorival Júnior.

Cartões amarelos: Anderson Martins, Wallace, Elkeson (Vitória); Edu Dracena, Robinho, Rafael (Santos)

Público: 34.111 pagantes

Renda: R$ 1.522.000

Trio de arbitragem: Carlos Eugênio Simon (RS), Altemir Hausmann (RS) e Érico Bandeira (RS).

 

 

 

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