Chegou a segunda-feira de Carnaval em Salvador e, com ela, como de costume, a Mudança do Garcia. Com quase um século de existência, o tradicional e irreverente movimento voltou às ruas, neste dia 12, levando muito samba e protesto para o Circuito Riachão, do final de linha do Garcia até a Passarela Nelson Maleiro, no Campo Grande. O tema escolhido para a folia deste ano é “Patrimônio Imaterial da Bahia”
Moradores do Garcia, turistas e soteropolitanos de todas as regiões da cidade se juntaram ao bloco. Fanfarras, trios independentes, grupos de samba e movimentos sociais desfilaram pelo percurso levantando bandeiras como a valorização à educação pública, combate ao racismo e a promoção da paz e cultura.
José Lázaro Peixoto, morador do tradicional bairro soteropolitano, conta que participa da Mudança do Garcia há mais de 30 anos. “Para nós, moradores aqui da comunidade, a Mudança é motivo de muito orgulho. Além da alegria que o movimento traz, podemos nos manifestar e protestar em relação à política e tudo que está acontecendo. Aqui você vê moradores, estudantes universitários, músicos, todas as classes sociais, todos juntos fazendo a caminhada. Sou apaixonado pelo movimento e, para mim, o melhor dia do Carnaval é o da Mudança do Garcia”.
“É bonito ver o poder público apoiando movimentos como a Mudança do Garcia. Temos que fortalecer esse movimento cada vez mais por ele representar uma boa parte da história da nossa cidade. Você não vê uma briga, uma confusão, é gostoso demais participar deste ato”, completou José.
O bloco surgiu em 1926 com o nome Arranca-Tocos, criado por ex-policiais. Na década de 1950, o movimento ganhou o nome de Mudança do Garcia. Para o advogado Richard Lacrose de Almeida, o investimento por parte do poder público se faz necessário para fortalecer ainda mais a tradição do ato nos próximos carnavais.
“A mudança é importantíssima para a nossa folia. Vimos hoje muitas manifestações populares necessárias para a sociedade, com pautas extremamente importantes. É uma festa cultural popular e por isso se faz necessário o envolvimento dos entes públicos neste cuidado com a tradição”, avaliou.