A semana já iniciou com um assunto importante sendo pautado no quadro “Momento do especialista”, do programa “Fala Comigo”, a alta incidência de doenças autoimunes entre as mulheres. A médica reumatologista Marcella Barretto foi a convidada para falar sobre as motivações exatas desta predominância.

Estas patologias se manifestam quando o sistema imunológico – um conjunto de órgãos, moléculas e células responsáveis pela proteção e defesa do organismo contra agentes invasores, como vírus e bactérias – age de maneira alterada e ataca os tecidos saudáveis do corpo. Dentre as mais comuns entre as mulheres, destacam-se o lúpus, artrite reumatoide, esclerose múltipla, diabete tipo 1 e a síndrome de Sjögren.

Segundo a especialista, as causas destas doenças são desconhecidas, mas existem precedentes genéticos que desempenham papéis importantes: “Existem fatores genéticos, ambientais e hormonais que podem desenvolver essas doenças, assim como fatores ambientais. O tabagismo é outro fator que também favorece muito a ser um fator desencadeante. A questão emocional também é outro fator que envolve muito, o que pode ser um fator desencadeante”.

Um estudo realizado pela revista científica Cell, trouxe uma possível resposta a esta condição. De acordo com cientistas da Stanford Medicine, localizada na Califórnia, nos Estados Unidos, acreditam que uma molécula produzida pelo cromossomo X pode gerar anticorpos contra as próprias células das mulheres. O desbalanceamento dos hormônios sexuais, como os estrogênios e a progesterona, também é um dos fatores que afeta o sistema imunológico das mulheres.

“Nós temos mais estrogênios e progesterona no nosso corpo, o que favorece a aumentar essa resposta imunológica. Os estrogênios aumentam sua resposta imunológica e a progesterona, que é outro hormônio produzido pelas mulheres durante o período menstrual, gestacional e na menopausa favorece mais esses defeitos imunossupressores, o que facilita com que nós mulheres tenhamos mais predisposição a desenvolver doenças autoimunes”, explicou a Dra.

Tratamentos e cuidados

As formas de tratamento e prevenção destas doenças autoimunes variam dependendo da especificidade em cada cliente. Entre as abordagens mais comuns estão: terapia medicamentosa, com corticosteróides, imunossupressores, e terapias biológicas específicas; adotar um estilo de vida saudável, por meio de uma dieta equilibrada, prática de exercícios físicos, prevenção do estresse excessivo e dormir o suficiente; monitorar a progressão da doença e o tratamento conforme necessário; evitar fatores desencadeantes como certos alimentos, exposição ao sol ou estresse emocional e manter as vacinas atualizadas conforme as recomendações médicas. 

“Tudo isso pode ajudar a prevenir surtos de doenças autoimunes, especialmente, em pacientes com sistemas imunológicos comprometidos devido à doença autoimune ou tratamento imunossupressor”, ressalta a especialista, reforçando ainda que é fundamental que esse público trabalhe em estreita colaboração com seus médicos para desenvolver um plano de tratamento e cuidados preventivos personalizado, levando em consideração suas necessidades individuais e o tipo específico de doença autoimune que possuem” finalizou a reumatologista.