A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) promoveu o lançamento oficial do Protocolo Anti-feminicídio com Guia de Boas Práticas para a Cobertura Jornalística, na manhã desta terça-feira (30).

O intuito do documento é contribuir para uma cobertura do mundo do jornalismo de maneira mais responsável, ética e sensível, que não revitimize as mulheres e seus familiares.

A 2ª vice-presidente da ABI, Suely Temporal, ressaltou a importância de um projeto como este para a sociedade jornalística. “Esse protocolo justamente visa evitar o que vem acontecendo muitas vezes em muitos países, porque a sociedade acaba reproduzindo o modelo machista da nossa própria sociedade”.

“Ou seja, na hora de noticiar ou de comentar um fato de feminicídio, um ato de feminicídio, um crime contra a mulher, a gente acaba reproduzindo modelos como: ‘ela morreu porque traiu o marido’. Isso não é justificativa para matar uma pessoa”, contou.
Ernesto Marques, o presidente da ABI, citou detalhes de como funciona o protocolo. “É um conjunto de recomendações, não têm nenhum caráter improdutivo, nem sensório, mas ele parte principalmente de uma análise crítica que nós fazemos do nosso trabalho, da cobertura de fatos violentos envolvendo mulheres”.

O presidente da ABI relembra casos de feminicídio que foram noticiados e que, de certa forma, acabaram reproduzindo alguns pensamentos machistas e a ideia é “combater os estereóticos, combater os estignas, combater os chavões”.

“Desde o caso Júlia Fatal, que foi talvez o primeiro caso de feminicídio de grande repercussão, até os últimos casos, Sara Freitas, por exemplo, a gente termina assassinando duas vezes a vítima, porque depois que a pessoa sofre a violência que morre muitas vezes no trato da notícia, a gente termina reproduzindo conceitos machistas e, às vezes, misóginos, mesmo assim a gente transforma a vítima em responsável pela própria violência que ela sofreu”.

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