No jogo que marcou a volta de Gabigol ao futebol, liberado em caráter provisório após suspensão por suposta tentativa de fraudar um exame antidoping, o Flamengo venceu por 1 a 0, mas Tite não convenceu e foi hostilizado. Com festa para o ídolo da camisa 10 antes de a bola rolar, a atuação coletiva burocrática diante do frágil Amazonas pelo jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil só serviu para aumentar a antipatia do torcedor com o treinador, vaiado na escalação. Nem o bonito gol de Pedro com participação precisa de Viña atenuou as reclamações no intervalo. Na volta para o segundo tempo, Gabigol entrou, mas pouco acrescentou.

O atacante teve a recepção do tamanho de sua importância na história do clube. Desceu do ônibus sob aplausos, entrou em campo para o aquecimento ovacionado, e retribuiu todo o carinho antes de o jogo começar. Na arquibancada, bandeiras enfileiradas de Gabriel Barbosa, Adriano Imperador e Zico davam a dimensão da homenagem, junto ao canto “Ohhh, o Gabigol voltou”. Na escalação da qual não fazia parte, aplausos para alguns jogadores, vaias para Tite, que não tem conseguido, mesmo alternando escalações, fazer a equipe ter a intensidade vista no começo do ano.

Nas ausências de Pulgar e Arrascaeta, lesionados, o técnico optou pelas entradas de Allan e do jovem Lorran, que atuou aberto pela direita. Com isso, De La Cruz ficou mais adiantado, revezando com Gerson entre defesa e ataque. A outra mudança foi a presença de Viña no lugar de Ayrton Lucas, por opção técnica. Também pela esquerda, Bruno Henrique ganhou sequência como titular, já que Cebolinha segue fora por lesão.

O Amazonas veio ao Maracanã disposto a não perder. Armou uma linha defensiva com cinco jogadores quase dentro da área e mais quatro na proteção, com um jogador para o escape. O Flamengo, então, teve saída de bola tranquila e só acelerava no último terço. Mas teve dificuldade de penetrar na defesa. E também precisou correr para evitar contra-ataques.

Entretanto, na primeira triangulação mais veloz sem a defesa adversária plantada, saiu o gol. Em esticada de Bruno Henrique, Viña fez a ultrapassagem e encaixou cruzamento na medida para Pedro testar para o fundo da rede. Após o gol, o Flamengo se tornou ainda mais sonolento nas ações. Apesar da postura tática, os pontas não geraram volume, nem as jogadas por dentro saíam. No intervalo, novas vaias. Sem mudanças para o segundo tempo, Tite mandou os reservas para o aquecimento logo aos cinco minutos. Foi a senha para a explosão da torcida com a esperança de ver Gabigol em campo. O atacante novamente teve o nome cantado, com direito a adaptação da música que normalmente é direcionada a Arrascaeta. “Solta o Gabigol nessa p…”.

Aos 13 minutos, Tite soltou. Na corrida para trocar a camisa de jogo, novas músicas e empolgação como se fosse um gol. Com a saída de De La Cruiz para a entrada de Gabi, a torcida misturou vaias e aplausos. Gabriel entrou enfiado, ao lado de Pedro, mais pela direita. Passado o frisson inicial, a troca de passes lenta do Flamengo voltou à cena, agora sob pano de fundo de uma torcida um pouco mais animada. Tal animação duraria um pouco mais, antes de ser substituída por impaciência pela falta de efetividade e disposição da equipe como um todo. Tite rodou mais o time, com as entradas de Wesley e Luiz Araújo para dar um pouco mais de vida do lado direito do ataque, apagado até então. Nos 15 minutos finais, o Flamengo administrou o resultado, que terminou com muitas vaias novamente e xingamentos ao técnico Tite.