Segundo o Relatório Mundial sobre Visão, elaborado no ano passado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 65,2 milhões de pessoas no mundo sofrem com a catarata, doença ocular que torna a visão opaca e afeta o cristalino, uma estrutura que fica dentro dos olhos e funciona como uma lente. O estudo também considera a doença como a principal causa de cegueira na população. Seu surgimento é mais comum em pessoas acima de 70 anos, mas ela pode se manifestar em qualquer momento da vida.

Nesta terça-feira (30) as causas e tratamento da doença foram tema do quadro “Momento do Especialista” do programa “Fala Comigo” que conversou com o oftalmologista Cristiano Pinheiro, especialista em cirurgia de catarata e refrativa. O diagnóstico é feito através de exames de teste de acuidade visual, exame do olho dilatado e a tonometria. Em casos onde a visão está completamente comprometida, impedindo a realização de tarefas diárias e gerando incômodos e inseguranças, às pessoas acometidas pela doença podem recorrer à cirurgia.

“A catarata, quando ela é diagnosticada e que ela está atrapalhando a visão da pessoa, ela precisa ser operada. Existe uma crença muito antiga de que a catarata precisava amadurecer para ser operada, e hoje, com as modernas técnicas que utilizamos para cura dessa doença, quanto mais cedo se opera, o pós-operatório é mais eficaz, é mais tranquilo, é menos doloroso. Então, quanto mais cedo, melhor”, disse o Cristiano Pinheiro.

Hoje em dia os métodos cirúrgicos mais comuns são a técnica de extração extracapsular do cristalino e de facoemulsificação. Embora essa extração extracapsular ainda seja adotada, a facoemulsificação é a técnica cirúrgica mais utilizada pelos oftalmologistas. Essa técnica utiliza uma sonda de ultrassom e após fazer uma pequena incisão no globo ocular, é introduzido um tubo que vai permitir que a sonda chegue ao cristalino. Em seguida, o equipamento faz micro rupturas nessa área, que é fragmentada e aspirada. Depois disso, o médico implanta a lente intraocular, que ficará no lugar do cristalino removido.

“Antes, se removia o cristalino, por exemplo. Não se colocava uma lente no lugar e o paciente usava aqueles óculos depois bem grossos, aqueles óculos que a gente chamava de fundo de garrafa, então hoje as lentes que se utilizam, lentes intraoculares, são muito seguras, muito modernas e promovem uma qualidade de visão excepcional. Os equipamentos também são muito modernos, onde hoje se consegue remover a catarata utilizando ultrassom, utilizando laser, então existem diversas técnicas. Podem ser utilizadas técnicas, como eu disse, extremamente eficazes e modernas, e fora a experiência e o treinamento da equipe que ajuda muito”, explicou o oftalmologista.

A recuperação desta cirurgia geralmente é rápida, embora o tempo de recuperação possa variar conforme o paciente. Muitos indivíduos submetidos ao procedimento relatam uma melhora significativa na visão já nas primeiras 24 horas após a operação. Após operado uma vez, a catarata é curada definitivamente. Em alguns casos, ao longo dos anos, a lente intraocular sofre algumas alterações, podendo tornar a visão embaçada novamente. Nesse caso, o oftalmologista recorre a uma limpeza desta lente de modo a proporcionar melhor qualidade visual para as pessoas operadas.

“A catarata, uma vez operada, a cura é definitiva. Podem acontecer outras doenças oculares, onde a pessoa precisa de outros tratamentos. Mas a cirurgia da catarata em si, é uma cura definitiva. Alguns pacientes que se queixam de que não estão chegando bem, depois de alguns anos de operados, podem estar com um probleminha onde a lente fica apoiada em cima de uma membrana, de um tecido, e esse tecido pode se opacificar. Então, comumente se conhece isso como limpeza da lente. Pode ser que um paciente que operou de catarata esteja com a visão embaçada, depois de algum tempo de operado, seja porque essa lente está se tornando um pouquinho opaca e que precisa fazer uma limpeza”, finalizou o especialista.