Por Redação Alô Alô Bahia

Salvador, terra da primeira santa brasileira, Santa Dulce dos Pobres, pode canonizar, em breve, mais uma de suas filhas. O caminho do processo de canonização da Serva de Deus Vitória da Encarnação, religiosa que nasceu, viveu e morreu em Salvador, foi retomado, nesta quarta-feira (24), pela primeira vez após a pandemia.

O processo, iniciado em 2018, segue agora com a constituição de um novo Tribunal, que teve os trabalhos oficializados na manhã desta quarta.

O tribunal é formado pelo postulador da Causa da Serva de Deus, frei Jociel Gomes; pelo cônego Alberto Montealegre, nomeado Delegado Episcopal; pelo padre Laudimar Oliveira da Silva, nomeado promotor de Justiça; pelo notário e pela notária adjunta, Dom Sebastião Rolim e Irmã Violeta, respectivamente.

Foto: Sara Gomes

Foto: Sara Gomes

A reunião que oficializou a retomada dos trabalhos aconteceu na residência episcopal, com o Arcebispo de São Salvador da Bahia, Cardeal Dom Sergio da Rocha; e com o chanceler, cônego Antonio Ademilton de Santa Bárbara. O Tribunal retomará os testemunhos e os relatos de graças alcançadas pela intercessão da Clarissa que morreu com fama de santidade em 1715.

Foto: Sara Gomes

Ainda como parte destes passos, a Comissão Histórica segue trabalhando na fase conclusiva da elaboração do relatório que será entregue ao Arcebispo. Também está em andamento a fase diocesana, cuja previsão de conclusão é o segundo semestre de 2024. Com esta conclusão, toda a documentação será remetida para o Dicastério da Causa dos Santos, na Santa Sé, onde terá início a fase romana.

História

Madre Vitória da Encarnação nasceu em Salvador, em 6 de março de 1661, sendo batizada no mesmo ano na antiga Sé da Bahia. Filha de Bartolomeu Nabo Correia e Luísa Bixarxe, ela teve um irmão e três irmãs.  Em 1677, quando foi fundado o Convento Santa Clara do Desterro, sendo o seu pai muito devoto, quis que sua filha entrasse para a vida religiosa – mas a jovem se recusou.

Em em 29 de setembro de 1686, dia de São Miguel Arcanjo, Vitória foi acolhida no noviciado das clarissas do Convento do Desterro da Bahia e, juntamente com ela, foi acolhida também a sua irmã, Maria da Conceição.

Madre Vitória faleceu numa sexta-feira, às 15 horas,  em 19 de julho de 1715. No momento de sua morte as religiosas disseram ter sentido uma maravilhosa fragrância de rosas a inundar as dependências do mosteiro.

Ao se espalhar a notícia de sua morte, uma grande multidão se aglomerou diante do convento. Logo toda a cidade ficou a saber, pois diziam ter morrido a “santa da Bahia”. Muitos levavam lenços, medalhas, terços e outros objetos e pediam que as religiosas os tocassem no corpo da “santa”. Esses objetos eram guardados por essas pessoas e eram tidos como verdadeiras relíquias. Inúmeros foram os milagres narrados pelos devotos logo após a sua morte.

Os restos mortais da Madre Vitória da Encarnação estão na Igreja do Convento Santa Clara do Desterro, em Salvador, e estão depositados acima de uma das portas que ligam o coro de baixo à nave do templo.

Em 7 de julho de 2019, a Congregação para a Causa dos Santos emitiu o decreto “Nihil Obstat”, autorizando a abertura da causa de beatificação da Madre Vitória, que passou a ser chamada, a partir de então, de Serva de Deus Vitória da Encarnação. Em 19 de novembro do mesmo ano, o então Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, presidiu a cerimônia de abertura do Processo de Beatificação e Canonização da Madre Vitória da Encarnação, apresentando as Comissões que trabalharão no processo, bem como o postulador da Causa, Frei Jociel Gomes, OFMcap.