Tradicionalmente, o mês de junho é marcado pelo romantismo. Mês dos namorados, do forró agarradinho no São João e, consequentemente – ou não -, é comemorado o mês de Santo Antônio de Pádua, doutor da igreja e um dos maiores profetas da história. A sua fama não existe somente pelo dom com as palavras de Deus, mas também com a sua aptidão em interceder aos céus pelas solteiras, viúvas e donzelas. O milagre concedido pelo santo português aconteceu há muitos anos e a historiografia bíblica conta que, em Nápoles, na Itália, havia uma moça cuja família não podia pagar seu dote para se casar. Por isso, a jovem ajoelhou aos pés da imagem de Santo Antônio e pediu ajuda. Milagrosamente, o santo deu-lhe um bilhete e disse para procurar um certo comerciante. No bilhete havia a instrução para que o comerciante desse à moça moedas de prata equivalentes ao peso do papel.
Quando a moça chegou ao local, o comerciante não se importou em seguir as instruções do papel, afinal achava que o peso era insignificante. Contudo, para a surpresa de todos, foram necessários 400 escudos da prata para que a balança atingisse o equilíbrio. Nesse momento, o comerciante lembrou-se que havia prometido 400 escudos de prata ao Santo, e nunca havia cumprido a promessa. Santo Antônio fez a cobrança e a moça casou-se conforme os costumes da época.
A partir deste milagre, ganhou a alcunha de Santo Casamenteiro e vem sendo aclamado diariamente por mulheres de todo o mundo e a sua fama é tão tradicional que dentro das telinhas, foi o precursor de uma trama na novela Alma Gêmea (2005) com a personagem Mirna, interpretada por Fernanda Souza, que era uma jovem sonhadora que ansiava encontrar o amor verdadeiro e se casar. Seu irmão Crispim, vivido por Emilio Orciollo Netto, era superprotetor e afugentava todos os pretendentes da mocinha. Apesar das dificuldades, Mirna nunca perdeu a esperança e colocou em Santo Antônio a responsabilidade de ajudar a realizar seu desejo de se casar, mantendo assim a chama da fé e da perseverança em seu coração.
Fora das telinhas, há relatos contundentes de que a fé em ‘Tonho’ é algo efervescente, porém o verdadeiro santo casamenteiro, teologicamente não é Antônio e sim, São José, o esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus. Ele foi o protetor da Sagrada Família, cuidando e provendo para eles em todas as situações. Como tal, São José é visto como um modelo de paternidade, esposo dedicado e exemplo de virtude familiar.
O padre Renato Minho explica a diferença entre os dois santos da igreja católica e reforça a importância de ambos na construção familiar no cristianismo: “Tem aquilo que é bíblico e tem também a devoção, aquilo que o povo não inventa, mas é aquilo que o povo cria experiência, então não há como dizer que não há devoção. Uma criatura pega a imagem de Santo Antônio e bota de cabeça para baixo e diz: ‘Eu quero um namorado e enquanto o senhor não me arranjar um noivo, eu não volto o senhor para o lugar correto.’ Enfim, e aí vai dizer que Santo Antônio atendeu o seu pedido. Biblicamente, teologicamente, aquele que é patrono da família é o Glorioso São José”.
“Evidente que é um casamento diferente. Ele não participa do corpo de Nossa Senhora nem antes, nem durante, nem depois. A palavra diz que todo o pecado será perdoado, menos o pecado contra o Espírito Santo de Deus. Quem fecunda a Virgem Maria é o Espírito Santo. Não é homem nenhum, nem São José nem homem nenhum. Então, São José entende e acolhe Nossa Senhora para ser a sua esposa sem participar do seu corpo. Porque ele sabe que a família que Deus a ele constitui da responsabilidade é uma família diferente.”
“Ele não é pai do filho de Deus, ele é pai adotivo, ele toma conta do filho de Deus, ele não é esposo da mãe de Deus, ele toma conta dela porque Deus o constituiu. Então eu acredito que São José seja de fato o patrono da família. Não vejo nenhum problema se a comunidade continua dizendo que abraçou o Santo Antônio, ele é santo de Deus, querido de Deus, então todos os nossos louvores, nosso agradecimento pelo exemplo de São Antônio, que ele também seja um referencial para as nossas famílias, de obediência, de caridade, de amor a Deus, de missão.”