Os 30 minutos de tiroteio registrados no KM-17, em Itapuã, na madrugada de terça-feira (24), escancararam uma situação de terror promovida por organizações criminosas no bairro. Por lá, o cenário é de morte, traficantes armados nas ruas e serviços básicos interrompidos por conta da violência. Nesta quarta-feira (25), a Unidade Básica de Saúde da Família (USF) chegou ao segundo dia seguido sem funcionamento por conta da violência no bairro.
Antes mesmo dos tiroteios, no domingo (21), um suspeito identificado como Caique dos Santos Alves, de 19 anos, morreu em confronto com a Polícia Militar da Bahia (PM-BA), que deu detalhes do caso. “Agentes receberam a denúncia de que homens armados estariam traficando drogas na Rua Santana, KM-17.No local, após visualizarem a presença da polícia, o grupo armado iniciou os disparos com arma de fogo. Após o confronto, o corpo foi localizado”, diz em nota.
Com Caíque, segundo a PM, foram apreendidos uma pistola calibre 380 com carregador, sete munições do mesmo calibre, 41 eppendorf (cápsula) de cocaína, 19 frascos da mesma substância, 21 trouxas de maconha, 70 pedras de crack e uma bala clava. De acordo com moradores, que têm medo de se identificar, a presença de homens armados nas ruas do KM-17 é cada vez mais comum e recorrente por conta de uma disputa armada no bairro.
“Além do tráfico que já rolava com os que ficavam nas ruas, tem muito mais homens preparados para trocar tiros e defender a área aqui. Isso porque já se tornou comum ter tiroteio mesmo. Há três semanas rolou mais tiros na região aqui do fim de linha. Os caras estão vindo carregados de bala e os traficantes daqui não fica para trás”, relata o morador, destacando que disputas armadas longas como a de terça-feira já não surpreendem que mora no local.
De acordo com uma outra moradora, apesar da ação policial que alcançou o suspeito no domingo, a existência da PM não afugenta os criminosos. “A 15° companhia fica a uns quatro minutos daqui e, da mesma forma que foi no domingo, eles vêm quando tem reforço. Porém, não é mais como antigamente que bandido corria quando a polícia chega. Eles encaram mesmo e por isso que morreu um no domingo”, conta ela.
O medo de que novos confrontos sejam registrados a qualquer momento afetam a vida das pessoas que moram no bairro. “Ninguém fica na rua até muito tarde. Quem chega de noite, entra para casa com medo mesmo de morrer. Caiu a noite, a rua não é da gente que mora aqui, é deles [traficantes]”, lamenta ela. O medo na região faz com que diversas casas acumulem placas de venda e aluga-se.
Os moradores contam que, apesar dos registros armados se concentrarem no fim de linha, os tiros são ouvidos em residências que ficam até 400 metros de distância do local e não deixam ninguém dormir. Procurada para falar do tiroteio de terça-feira, a PM respondeu que registrou o caso, mas não localizou suspeitos e destacou que o policiamento na região segue intensificado.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) esclarece que a situação local compromete o acesso de profissionais e usuários à Unidade de Saúde da Família (USF) KM 17, que não abrirá nesta quarta-feira (25). Os trabalhadores foram remanejados para outras unidades de saúde do distrito.