Se o ranking de queixas no Procon fosse Olimpíadas, a Neoenergia Coelba seria o orgulho da Bahia. Como não é, a empresa vem deixando apenas o rastro da prestação de seu serviço no emaranhado de fios nos postes e nas quedas de energia registradas pelo estado. Já criticada publicamente pelo governador Jerônimo Rodrigues, a concessionária chega ao final do seu contrato de concessão com o fio no pescoço e vê a pressão aumentar ainda mais. O responsável da vez pelo cerco é o Ministério Público da Bahia (MP-BA), que ajuizou uma ação civil pública devido à precariedade da iluminação em bairros de Salvador.
O novo capítulo da saga ocorre justamente no último ano em que a empresa tem para solicitar a renovação da concessão por mais 30 anos, sem a necessidade de uma nova concorrência. No ano passado, o governador sinalizou que estava atento a esse prazo, ao cobrar melhorias. “Não estou pedindo favor. Esse serviço é pago. A Bahia precisa ser respeitada”, disse na ocasião.
Nos bairros de Águas Claras e Bairro da Paz, não é só o emaranhado de fios que dá sinais dos serviços da Coelba, a escuridão também. O MP recebeu inúmeras queixas que relatam que a falta de iluminação facilitou tentativas de arrombamentos, furtos e outros perigos. Segundo a promotora Joseane Suzart, a ação vem após “a omissão da Coelba e da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) permitir que ocorressem sucessivas lesões à integridade patrimonial e psíquica dos consumidores”.
Ao Repórter Metropole, um morador de Águas Claras chegou a reclamar das perturbações: quedas de energia, instabilidade elétrica e ainda postes que pegam fogo – porque quando não é escuridão, as chamas fazem o serviço. “Às vezes, fica uma semana com a luz piscando e ninguém soluciona”, disse ele, ao relatar que há um mês um poste próximo à sua casa pegou fogo. E ele não está sozinho. Somente nos últimos dois anos, mais de 13 bairros de Salvador, como Imbuí, Castelo Branco e Pernambués, protagonizaram os noticiários com esse tipo de ocorrência.