Criado no bairro de Roma, na Cidade Baixa, em Salvador, Wladimir Matos Soares, o Mike Papa, que foi preso em operação contra um grupo que planejou a morte do presidente Lula, era tido como um ‘herói’ entre os moradores das imediações da Rua Raimundo Bizarria. Por lá, quem o conhece desde novo afirma ter recebido com um susto a notícia da sua prisão, já que Wladimir sempre foi uma pessoa querida por todos. O agente sempre foi admirado pela carreira na Polícia Federal (PF), onde estava há 22 anos.
“Não tem o que falar dele aqui. É um cara gente boa, cresceu com a gente aqui. Fui na oficina consertar meu carro lá em Massaranduba e o assunto é esse lá também. Todos sem acreditar no que está acontecendo. Sempre foi um cara do bem, trabalhador e considerado um herói pelo trabalho na polícia. Todo o pessoal aqui o admira e se assustou com a notícia”, conta um homem que cresceu com Mike Papa, mas não se identifica.
Uma mulher, que também é moradora do local e preferiu não se identificar, corrobora com a visão do amigo do policial federal. “Ninguém tem o que falar. É uma pessoa boa, que fez boas coisas. O que a gente pode fazer é esperar ele sair para saber o que aconteceu. E posso te dizer que acredito na liberdade dele”, conta ela, que ainda espera que mais informações possam trazer mais clareza ao caso. Ela e o homem ouvidos pela reportagem ofereceram, inclusive, apoio para a família do policial, que é conhecida no local.
Entre os cinco presos na Operação Contragolpe da Polícia Federal, Mike Papa é o único que não é um militar. Os outros quatro são o general da reserva Mário Fernandes e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra Azevedo. Eles, inclusive, são integrantes das Forças Especiais do Exército, conhecidos como “kid pretos” e altamente especializados em ações de guerrilha, infiltração e outras táticas militares de elite.
Um outro vizinho do policial federal afirmou que tem dificuldade em acreditar que ele seja um criminoso. “Se você bater em cada portão aqui, todo mundo vai dizer que ele é um cara gente boa e nunca fez mal a ninguém. O trabalho dele, inclusive, era admirado por nós. Então, eu não sei muito desse caso, mas é difícil acreditar”, diz, também sem falar o nome. De acordo com informações iniciais da operação, no entanto, Mike Papa teria auxiliado o núcleo militar do grupo “fornecendo informações que pudessem, de alguma forma, subsidiar as ações que seriam desencadeadas”.
O planejamento do ataque ocorreu no fim de 2022, quando Lula e Alckmin já estavam eleitos, mas ainda não tinham tomado posse. Além deles, o plano incluía o assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Por conta da prisão de Mike Papa, que está sob custódia da Polícia Federal, a família organizou uma vaquinha para custear o pagamento de advogados.